Via Algarviana Day 9 De Salir ao Barranco do Velho
Hoje temos mais companhia. Por ser dia do senhor juntaram-se-nos mais uma dezena de participantes, vindos de todas as paragens - até de Lisboa, e de Èvora, e de Faro, e de Loulé...
Entramos no montado de sobro, que cobre todas as colinas em redor. Entre os sobreiros despontam milhares de estevas repletas de flores brancas. Estamos em plena rota do Chaparro, melhor da Cortiça - iniciativa emblemática promovida pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Aproveito aqui um interlúdio para vos pedir que
Salvem o MIGUEL.
Paramos para merendar à sombra destas árvores altaneiras. Improvisamos uns assentos incómodos com as inúmeras lajes de xisto que atapetam o chão. Abrem-se as mochilas e as sacolas e do seu interior saltam para a ribalta - iogurtes, barrinhas energéticas, pães, queijos, sumos ... Mas o êxito vai inteirinho para o chouriço alentejano.
Recompomos-nos e subimos mais uns metros até ao Moinho encarrapitado no ponto mais alto da colina . A Susana resolve dar umas corridas à volta do mesmo. Ficámos sem saber se estaria desorientada ou apenas a tentar solucionar a quadratura do círculo para aplicar no Bio- design.
Avistamos uma construção imensa do que parece ser uma Igreja futurista. Ao chegarmos mais próximo confirmamos a vocação do espaço, mas também o carácter maçónico da suas formas. Outras construções a seguem. Mais tarde ficamos a saber que se tratou de um projecto megalómano de um germânico - mania das grandezas!
Quero deixar aqui uma homenagem a um amigo poeta que escrevia letras para Fado, Companhia habitual nas noites do Arreda e mais tarde do Picadeiro, a quem atribuo esta letra que ilustra maravilhosamente a paisagem que atravessámos e que não merece o mau momento por que passa. A nostalgia, o fado, a saudade em palavras lindas engrandecidas pela profundeza da entoação - O Fado do Sobreiro
Fado do Sobreiro
Mesmo ao cimo do montado
No ponto mais elevado
Havia um enorme sobreiro
Que a dar bolota e cortiça
De todos era a cobiça
No montado era o primeiro
Certa noite a tempestade
Fez-se ouvir lá na herdade
O rebombar de um trovão
E no céu uma faixa risca
Quando uma enorme faísca
Fez o sobreiro em carvão
Passaram-se anos e agora
No mesmo sítio lá mora
Um chaparro altaneiro
Mas em noites de luar
Houve-se o montado a chorar
Com saudades do sobreiro
É assim a nossa vida
Constantemente vivida
Sempre e sempre a trabalhar
Mas quando a morte vêm
Nós deixamos sempre alguém
Com saudades a chorar
Cancion del Alcornoque
Alla arriba en el alcornocal
En su punto más alto
Había un enorme alcornoque
Que dando bellota y corcho
De todos era invidia
En el alcornocal era el primero
Una noche de temporal
Se ha hecho escuchar en el cortijo
El tronar de un trueno
Y en el cielo una raya se dibuja
Una enorme chispa
Hace el alcornoque carbon
Se han pasado los años, y ahora
En el mismo sitio vive
Un "chaparro" imponente
Pero en noches de luna llena
Se escucha el alcornocal llorando
Con nostalgia del alcornoque
Es así nuestra vida
Constantemente vivida
Siempre, siempre trabajando
Pero cuando la muerte llega
Dejamos siempre a alguien
Con "saudades" llorando
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