segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Serra de Mu - Medronhos e cogumelos 27 Novembro

Os alertas amarelos e laranjas assustam até os mais destemidos. Sendo assim reunimos 30 andarilhos para mais um par de dias alucinantes.
Quase no alto da Serra de Mu, no lugar de Brunheira, freguesia de S. Barnabé, concelho de Almodôvar, para aí a uns 540 metros de altitude, iniciámos o percurso enganoso com cerca de 17 km.
Por caminhos de terra batida, rodeados de estevas, chaparros, azinheiras e medronheiros, circulamos sempre sob a ameaça de chuva.
O nevoeiro impede o espraiar das vistas pelos montes ao redor.
Os medronheiros apresentam-se engalanados de flores e aqui e ali ainda despontam alguns frutos vermelhos que deliciam os mais atrevidos. Penduradas nas ribanceiras, estas plantas da espécie Arbutus Unedo podem alcançar 10 metros e viver mais de 200 anos, parecem desafiar a gravidade. O que é certo é que resistem aos incêndios, sendo as primeiras em despontar.
Afinal os Montes não estão assim tão abandonados. Depois do Semino, onde nos cruzámos com a única vivalma em todo o trajecto, sem contar com as perdizes e os coelhos, chegámos às Alturas do Semino, e já o nevoeiro vai levantando, deixando adivinhar as belas curvas dos cumes a perder de vista.
Momentos para a foto de grupo no local mais profundo do trajecto  - Vale da Rata.
O Monte Novo das Cruzes esconde o Monte das Cruzes, onde algumas casas reconstruídas levam mais do que um a fazer novos planos de vida. Já cá chegou a luz eléctrica e os alemães já cá estão.
Um forno enorme ocupa o terreiro em frente à linha das casas mostrando a particularidade de estar totalmente construído em pedra, incluindo o tecto, que apresenta pedras sobrepostas. Nesta serra a maioria das casas estão construídas em adobe - mistura de barro com cascalhos. Percebe-se facilmente a importância do forno, levantado em pedra, na vida dos habitantes de outrora.
Almodôvar ainda hoje é terra de pão. Dezasseis padarias artesanais o atestam.
Mais uma descida , mais uma subida e eis-nos num local aprazível, apesar do frio cortante, encimado por uma mesa estrategicamente colocada debaixo de uns quantos pinheiros mansos. Tudo rodeado de medronheiros. Assentamos arraiais e deliciamo-nos com as parcas merendas. Salvou-se o copinho de medronho que alguém ofereceu ao grupo, e os bolos - não sei se seriam "costas", mas estavam deliciosos.
Momento único foi a revelação da origem dos intrigantes orifícios que enchiam os troncos dos pinheiros. Teriam sido caçadores insatisfeitos, pica-paus distraídos? Pois não. Alguns apresentavam cascas de pinhão no interior, tornando ainda mais intrigante toda esta estória. Então o companheiro Arménio, homem de tachos e habituado a observar a criação - perus, patos, pombos e diversos galináceos povoam a sua quinta , explicou: - Os pássaros picam a casca mais macia do pinheiro até caber um pinhão, depois vão buscar os pinhões, colocam-nos no orifício e martelam-nos contra a superfície dura do tronco, aproveitando o facto de estarem entalados, até a casca ceder e abrir caminho parta o tão desejado miolo do pinhão. Não será isto inteligência?
Depois de bordear a nascente do Mira, sempre lá no alto começamos a descer para o rio.
Caminhamos agora ao lado de um fio de água - o rio Mira. Mas dá para perceber a origem incerta do MU - que antigamente significaria local das mil águas.
O alcatrão cruza-se no nosso caminho e leva-nos , após passarmos os Montes Caminhos, o de cima e o de baixo, até ao Moinho da Rocha. O Moinho ainda lá está, mas apresenta-se esventrado dos seus apetrechos.
Pois é tínhamos de atravessar o rio, é a nossa sina. Aqui não há alternativa, nem saco de plástico que nos valha.  Felizmente o Mira ainda não assusta. Com a freguesia de Santa Clara a Nova à vista,acompanhados por uma simpática representante da autarquia, falta ainda falar dos cogumelos, dos muitos que vimos pelo caminho, e que dão nome à feira em S. Barnabé, e apresentar-vos 3 lepiotas enormes, que me fizeram companhia o resto da viagem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Andando e aprendendo... Sempre, sempre por maus caminhos Foz do Arelho - Salir do Porto - Serra do Bouro

O dia prometia-se enevoado e ventoso. Uns quantos, poucos, mas dos melhores, acorreram a mais um evento pela zona costeira. Graças a dois amigos dos Caminheiros das Caldas - O Manuel e o José, todos Pimpões, lá demos com o caminho.
O passeio em autocarro pelas margens da lagoa de "Óbidos" aguçou-nos a curiosidade para uma próxima. Garças, corvos-marinhos,  pescadores e barcos multi-cores, rompiam o suave vai-vem das águas salobras da ria.
Chegados à Foz do Arelho iniciámos uma subida por caminhos entre arbustos, ziguezagueando, com rumo algo incerto. Alguém nos avisou que a Serra do Bouro confunde o caminheiro e transforma metros em quilómetros. Os nossos guias lá foram desbravando caminho, hesitando aqui e ali, conduzindo-nos, ora de um lado ora do outro, das encostas do Bouro. Aqui o mar com as Berlengas semi-ocultas pelas brumas, além as Caldas e a Serra dos Candeeiros.
Todos os caminhos revelam surpresas e criam emoções. Aqui um moinho, ali uma arriba desfeita. Além um bando de perdizes, ao longe os Faralhões. Cogumelos às dezenas - lepiotas, amanitas, e muitos outros.
O vento impede a paragem para a merenda no miradouro sobre o mar... Continuamos. Por fim quatro pinheiros retorcidos abrigam-nos para saborear os parcos alimentos que transportamos. O mar imenso,  ao fundo, serve de enquadramento magnífico aos escassos minutos de descanso. O sol abre caminho entre as nuvens e inunda o pequeno terreiro.
Mas o momento alto estava ainda para chegar. Algumas "casas" de madeira implantadas na encosta sobre o mar, com vistas magníficas, revelam a voracidade do homem por espaços selvagens e belos. Não fossem a destruição do manto vegetal em volta e os aramados frágeis de protecção, até poderia aceitar este usufruir egoísta da paisagem de todos nós.Aqui chegados contornamos um terreno, por caminho lamacento, e chegamos  à arriba que descai sobre o mar. Aos nosso pés estende-se uma laje imensa polvilhada de pegadas de saurópodes. Um encanto, uma descoberta... Oxalá se mantenha longe dos noticiários.
Avista-se o Sítio da Nazaré de um lado e do outro o cabo Carvoeiro. Ao longo da linha da Costa, para lá da Lagoa de Óbidos, temos a Bética ,  Ferrel - a da central nuclear, o Baleal, Peniche. Do outro, São Martinho do Porto e a praia imensa e perigosa da Salgada, adivinha-se a Nazaré, mas o que se impõe é a Pederneira, onde os grandes troncos do pinhal deram forma às famosas naus.
Já vamos descendo com Salir do Porto a nossos pés, mas um desvio empinado, à nossa esquerda, bordeado de degraus, é caminho obrigatório. Do alto, a impressionante concha do Porto (de Salir, de S. Martinho) revela-se em todo o seu esplendor - indescritível .Tal é a gratificante impressão que nos provoca, que, ali mesmo, debaixo das gotas inclementes da chuva, decidimos continuar a contornar aquele pedaço de areal.
Por entre o casario incaracterístico descemos à praia. Um pontão de madeira transpõe-nos para o outro lado da ribeira. Caminhamos mais um ou dois quilómetros sobre o passadiço de madeira e terminamos junto ao Parque de Campismo.
Voltamos a Salir, onde um pequeno café restaurante nos acolhe entre cervejas, bochechas e chanfana... de vaca.
Obrigado amigos dos Caminheiros das Caldas, por estas quatro horas de canseira, numa manhã enevoada e ventosa de Novembro. Voltaremos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Serra das Montedeiras-14 de Novembro de 2010

Por terras de Marco de Canaveses viemos hoje até à Serra das Montedeiras.
Começou suave mas tivemos que atingir a cota de 645 m junto às antenas.
Impunha-se a foto do grupo!
Já se ouviam umas queixas mas daqui vê-se que estamos bem alto pelo que se augura bom futuro para o caminho!
Abunda o granito nestas terras em muros seculares, impressionantes calçadas marcadas pelos rodados dos carros puxados a bestas e também algumas pedreiras, algumas em actividade.
À medida que fomos descendo para Sande, em direcção ao Douro, deixamos de ver Marco de Canaveses lá do alto.
A humidade atapeta de verde estes muros de granito que protegem cogumelos de várias espécies e que nos vão distraindo dos quilómetros que se percorrem.
Em Sande ainda decidimos ir em direcção ao Douro tendo o passeio acabado já com a chuva por companhia.
Rumámos de novo ao Convento da Alpendurada, pendurado sobre o Douro, onde fizemos o nosso almoço num local cheio de história.
A comida estava excelente e, certamente, esta cozinheira merecia um melhor serviço, ou, pelo menos, mais organizado.
Antes do regresso propriamente dito ainda tempo para uma paragem na Igreja de Santa Maria, projecto de Siza Vieira, em Marco de Canaveses.
Vale a paragem!
Agora sim, era tempo de regressar.



Serra das Montedeiras at EveryTrail
EveryTrail - Find trail maps for California and beyond

Soalhães-13 de Novembro de 2010


Pedras, Moinhos e Aromas de Santiago são o tema deste PR1em Soalhães, concelho  Marco de Canaveses, desenvolvendo-se na Serra da Aboboreira.
O dia prometia chuva... e cumpriu!
Mas temos vindo a descobrir que somos impermeáveis e, portanto, toca a andar!
Começamos bem visitando a Igreja Matriz de Soalhães onde tem início este percurso circular de cerca de 15 km.
Curiosamente tivemos que contornar esta primeira parte do percurso marcado porque... está fechado à chave!
Se não se pode vencer o obstáculo, contorna-se o mesmo!
Pelo meio da freguesia até ao pelourinho, desce-se e estamos de novo no caminho marcado.
Largamos a estrada e, por caminho estreito, passamos pela capela de S, Clemente e seguimos, sempre a subir, em direcção à capela de Santiago que nos acolheria em fantásticas cores de Outono para o nosso piquenique.
Alguns moinhos de água foram recuperados e pretendem manter viva esta tradição do ciclo do pão e a sua importância nestas paragens.
Perto do ponto mais alto do percurso não se pode perder uma visita à Tasquinha do Fumo.
Gente simpática e acolhedora, lume de chão, verde tinto, pão e presunto! Só pode ser um oásis para quem aqui chegou encharcado!
Para mais, daqui para a frente, é sempre a descer!
O percurso está bem marcado e o fogo deixou aqui as suas marcas mas o verde já parece querer romper por entre este negro de destruição. Uma ou outra marca poderão ter desaparecido mas valerá a pena recuperar tudo porque o local é mais do que merecedor deste PR1.
Hoje iríamos ficar ao Convento da Alpendurada sem antes jantarmos, ao som das desgarradas, na Mercearia, em Constance.
Excelente comida e bebida!
Culpa do nosso companheiro Carlos Pinto que esteve na berlinda dos versos dos artistas! É bem feito!

PR1 - Soalhães


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domingo, 7 de novembro de 2010

Grândola-06 de Novembro de 2010

Consta  neste site que a Rota da Serra de Grândola é o itinerário pedestre mais percorrido do país. Mas, no caso, ser ou não ser não é a questão, porque vale mesmo a pena conhecer esta serra.
Um santuário de sobreiros, azinheiras e oliveiras, muitas delas seculares, brindam-nos com a sua presença e oferecem-nos uma abençoada sombra num dia de verdadeiro São Martinho sempre com um sol esplendoroso e temperatura acima dos 20 graus!
Adivinhava-se uma primeira paragem na ermida de Nª Srª da Penha de França. Lá do alto respira-se e recuperam-se as forças enquanto podemos ver a vila morena, bem branquinha, lá ao fundo!
A seguir, a ribeira de Grândola, lembrou-nos-nos como é difícil o Caminho Das Pedras mas lá continuamos até parar para piquenique improvisado.
Estávamos mais ou menos a meio mas o apelo da Feira de Chocolate aliviava a jornada.
Mas se esta feira despertou os apetites, o "lanche", no Ponto de Encontro 2, preparado pelos inexcedíveis companheiros Arménio e Anabela, superou as expectativas! As entradas, a sopa, os pitéus e as sobremesas deixaram o chocolate a milhas!
Não vamos esquecer... estão tramados!
Vejam então a rota no mapa e umas imagens para recordar.





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