quarta-feira, 14 de abril de 2010

Via Algarviana Day 3 - A caminho de Marmelete

Junto ao "Clube" de Bensafrim esperámos tempos infinitos. Minutos, horas! que mais tarde seriam preciosos para terminar esta curta etapa. Fomos avançando ao longo da linha de água e logo nos deparámos com os primeiros obstáculos que nos iriam apoquentar nos próximos dias - as ribeiras.
Descalçando botas, improvisando pontes e poldras, aguçando o engenho, fomos passando.
Num pequeno troço a enchente levou o piso e as marcas do percurso. Uma via que percorre 300 km necessita de um esforço gigante na sua manutenção.
À nossa frente abre-se uma clareira de alguns hectares plantada de videiras, para nossa estupefacção. Aqui tão perto da costa e numa zona árida quase até ao leito das ribeiras amadurecem uvas que depois serão transformadas em néctares na Cooperativa de Lagoa, ao que soubemos.
Subimos por caminho de terra até encontrarmos a estrada alcatroada que nos vai perseguir por dois ou três quilómetros. 
Mais um ribeiro e entre os arbustos descobre-se o que se supõe ser uma pegada de lontra.O percurso, nesta fase, decorre quase sempre junto a linhas de água. Parámos para a merenda junto a um pequeno regato onde o cantarolar da torrente encantou os multifacetados participantes deste trajecto, e onde um teimoso rouxinol(?) se escondeu das objectivas dos fotógrafos de serviço.
Estirados sobre a erva macia e fresca atenuámos o cansaço provocado por um dia de intenso calor.
Contornamos a barragem e ainda e sempre por alcatrão alcançamos a bendita venda (taberna) que decora um pequeno conjunto de habitações e nos brinda com uma profusão de loiras e "stout's" acompanhadas por alcagoitas e tremoços.
Um velho, muito velho, pele e osso, acompanhado por uma profusa enxada adornada por um cabo de tronco de arbusto recentemente cortado e torneado, junta-se ao grupo, e, num ápice, engole literalmente a cerveja que lhe oferecemos. Alguém conhecido interpela o nosso companheiro: - Então, ti manel,  hoje não bebe o habitual galão. Pois não, hoje era dia de festa, pois muito raramente se juntarão neste local umas três dezenas de estranhos ávidos de tagarelice. O jovem setentão ergue-se e presenteia-nos ainda com um par de números circenses com o seu cão amestrado, antes de se retirar em direcção ao seu palmo de terra, junto à ribeira,  apressurado em
estrear a sua renovada alfaia.
Voltando ao caminho ladeado por pequenas hortas e pomares à nossa direita já avistamos o alto do próximo monte que nos espera.
Tomamos um caminho empinado, cada vez mais empinado, entre estevas e logo eucaliptos.
O Sol que teima em esconder-se entre  as nuvens e os picos da serra de Espinhaço de Cão abandona-nos definitivamente. 
Entre escuros e as alvas paredes das casas percorremos Àfrica - bairro ancestral de Marmelete, vá-se lá saber porquê, e arribamos ao centro da vila.
Hoje a história não acaba aqui. Os momentos mais altos deste caminhar pela Via Algarvina ocorrem durante os jantares, onde, além do convívio de proximidade, nos presenteiam com iguarias únicas e quase por nós esquecidas. Esta noite foi o galo de cabidela com batata doce que nos deliciou.

2 Comments:

Blogger tigusto said...

Para passar ribeiras com estilo:
-sacos de plástico grandes e fortes, tipo daqueles que se usam para o lixo. Calçar um em cada pé e é andar! É vê-los de boca aberta a pensar na travessia!
Andar, andar a caminho do jantar é o que está a dar!!!

quinta-feira, abril 15, 2010 7:58:00 da tarde  
Anonymous s Cruz said...

amanhã vou fazer este percurso - depois conto

sábado, maio 01, 2010 9:17:00 da tarde  

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