quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Caldas de Monchique - Monchique - Novembro 2009

Caldas de Monchique - Monchique -01 de Novembro 2009
Por aqui respira-se ar puro e as águas caldas deixam a cútis sedosa. A sombra de arvores frondosas centenárias, após uma noite de muito vento, convida ao relaxamento.
Mas não foi isso que nos trouxe aqui, pois esperava-nos mais um dia pleno de actividades.
Assim saímos das unidades hoteleiras em direcção à Fonte dos Amores, e atravessando a estrada subimos ao topo da escarpa de sienitos por um trilho muito frondoso ladeados, e aqui e ali cobertos, de acácias. Chegados ao alto um miradouro deslumbra-nos com este vale verdejante que nos convida a recolher aqui em dias de Agosto do ALLGARVE.
Por caminho de terra batida, vamos recolhendo medronhos, que resistem à invasão "acáciana".
Uma construção com um impacto visual brutal, ainda por terminar, insinua-nos que a febre do imobiliário está a invadir a serra algarvia.
Atravessamos de novo a estrada e descendo para a linha de águas tépidas reconhecemos aqui e ali sobreiros e alfarrobeiras que outrora deveriam povoar todas estas encostas.
Atravessar a linha de água resulta numa pequena aventura, mas lá continuamos.
Uma laje imensa mostra-nos os afloramentos de xisto em todo o seu esplendor.
Neste estreito vale pontificam os citrinos em pequenas hortas abandonadas.
Algumas casas, uma ponte, um moinho de água encravado junto ao rio, meio descaracterizado, e, ladeando o caminho, um muro de adobe curiosíssimo.
Descemos de novo à linha de água e encontramos outro pequeno moinho ainda intacto, e, ao lado uma figueira, onde supostamente o moleiro descansaria de tanto andar à roda, e onde imaginamos musas oferecendo água fresca e os seus encantos - sítio romântico sem dúvida.
Na pequena horta atravessada por um ténue caudal, que supomos proveniente das profundezas dos sienitos, descobrimos uma planta das ilhas - inhame.  ( Inhame )
Vamos subindo lateralmente ao ribeiro e o calor, apesar de estarmos em Novembro, esgota-nos as últimas forças, não fossem já decorridos quase 8 km.
As encostas alegram-nos a alma com arbustos pintalgados de verdes, amarelos, laranjas e vermelhos. Alguns saboreiam pequenos frutos vermelhos que, sem nos saciar, nos presenteiam com sabores únicos.
Entramos já no complexo termal, onde as ruas empedradas, os candeeiros modernistas, as instalações cuidados, nos parecem querer dizer que isto está para durar - ainda bem.
Depois de um banho reconfortante nestas águas benditas - sim, alguns de nós estiveram na piscina ao ar livre em Novembro, o almoço espera-nos.
Para o almoço em Monchique, ali no Largo dos Chorões, onde os sabores autóctones e autênticos nos esperavam vai um referência muito especial, pois, não é todos os dias que nos presenteiam com os afamados enchidos desta Serra - a morcela, a chouriça, a farinheira, o presunto, o lombo de porco com banha corada, e a culminar o grão com massa e o assado de porco preto. Divino.
Nota: Por vezes fazemos referência exaustiva a algumas iguarias, não pelo pecado da gula, mas sim para que os que nos visitam não se esqueçam de as provar quando andarem por estas terras e para que as mesmas não se percam na unicidade gastronómica das pizzas, hambúrgueres, douradinhos e filetes.
Mas o dia não acaba aqui. Já estamos de partida para um pequeno passeio pedestre que nos vai conduzir até ao alambique.
Em direcção à Quinta da Brejeira, vamos descendo rodeados de medronheiros, já algo alegres, recolhendo frutos laranjas e vermelhos para uns cestinhos que os nossos simpáticos anfitriões nos entregaram.
Chegados à destilaria, somos inundados - literalmente, de aguardente de medronho e pela famosa e única melosa - uma licor de mel e aguardente.
Ainda mais alegres e porque o dia não acaba aqui deslocamo-nos até Marmelete, onde nos espera o tradicional magusto.
A culminar um dia tão intenso só podíamos ser banhados pelas águas do Atlântico, aqui em forma de chuva miudinha mas persistente.
Num mesmo dia a natureza presenteou-nos com nevoeiro, sol, calor intenso, e agora na encosta noroeste desta Serra, chuva. Ou será dádiva destas terras de Monchique?
Os magustos, exactamente magustos, dezenas de magustos, aguardam-nos. Os profissionais e alguns curiosos espalham sobre as castanhas, colocadas de quando em quando no chão, carqueja seca que rapidamente incendeiam, e remexendo, remexendo, lá vão tostando a casca formosa do fruto até ficar cor de carvão. De imediato, ainda com o lume em labareda aparecem os populares, que com maior ou menor habilidade, vão chamando as castanhas para os improvisados sacos de papel.
E depois é fartar vilanagem.
Os postos de cerveja têm muito êxito graças aos garrafões de aguardente de medronho servida em copinhos que alguns chamam de "passarinhos".
Ao fundo, num palco bem arrematado, os grupos de música pimba vão-se sucedendo. A noite cai, a chuva miudinha continua e o calor das almas, ao rubro, leva os corpos a rodopiar ora movidos pelos sons ritmados do palco, ora pelos vapores do álcool que atingem o centro nevrálgico das sensações.Os aromas de carqueja, as névoas das dezenas de fumarolas e algumas imagens fugazes levam-nos a adormecer placidamente no conforto do autocarro de volta ao doce lar.


Caldas de Monchique









segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Via Algarviana - Monchique , Fóia e Marmelete

Via Algarviana - Monchique , Fóia e Marmelete - 31-10-2009
Depois de umas quantas curvas, vindos de São Marcos da Serra, o impacto visual de um vale encaixado entre dois picos - Picota e Fóia, polvilhado de casas brancas entremeadas de verdes de diversas tonalidades, não nos deixa indiferentes.
Se à paisagem acrescentarmos a riqueza que brota das profundezas desta terra moldada pelos sienitos, então estaremos próximos do paraíso.
Mais uma vez aceitámos o desafio das simpáticas gentes da Almargem, para mais um fim-de-semana em terras Algarvias.
Monchique de face lavada e bem bonita recebeu-nos no seu Largo dos Chorões, para aqui iniciarmos mais um sector da Via Algarviana sector 11 Monchique - Marmelete - 14,7 Km. Via_Algarviana
Este caminho que nos conduz por 240 km de Alcoutim ao Cabo de S. Vicente, revela-nos um outro Algarve - serrano, rude - mais cheio de encantos e tradições. Assim continue...
As nossas simpáticas guias lá nos conduziram por uma subida íngreme em direcção à Fóia.
A primeira paragem, obrigatória, revela-nos o Convento do Desterro do séc. XVII, lastimavelmente em ruínas, mas com muitas promessas de um dia voltar a bulício de outras épocas. Não visitámos a exuberante magnólia mas constatamos que o bosque de sobreiros centenários também merece ser preservado.
Deste local as vistas sobre o vale e a vila de Monchique são lindíssimas e lá ao longe avista-se o alto da Picota.
Continuamos sempre a subir, agora rodeados de eucaliptos, mas rapidamente a nossas expectativas de uma subida muito cansativa se desvanecem pois já estamos quase no alto da Fóia.
Aqui o monte pelado, coberto apenas de vegetação rasteira, abre-nos um campo visual interminável a norte.
Chegados ao alto preparamo-nos para retemperar forças empoleirados nas grandes moles rochosas, avistado a linha da costa ofuscados pelo brilho intenso das águas algarvias.
A ocidente em dias muito limpos, também se avista o oceano Atlântico para os lá de Aljezur. Hoje uma franja de nevoeiro muito denso cobre toda a linha da costa.
A merenda é composta por diversos pitéus - presunto de chaves, paio alentejano, queijos da Marofa e de Castelo Branco, Tortilla, torresmos, leitão, frango frito "ao alhinho", pão de Martim Longo, peixinhos da horta, broas de Mafra, doce de abóbora, etc.
Com esta paisagem aos nossos pés, e já aconchegados, ficaríamos por aqui até ao pôr-do-sol.
Mas, como só se faz caminho ao andar - como dizia Machado, circundamos (quase) o talefe, e quase 30 metros depois, em vereda relvada, e após ultrapassarmos uma porta basculante - novidade, internamo-nos no monte, onde aqui e ali uns quantos pirliteiros resistiram à força dos elementos.
Alguém mais conhecedor descobre um cogumelo - Lepiota, e após esta descoberta logo outro se encontra mais adiante, e mais além um temido amanita, e surpresa, um exemplar grandioso de Leccinum.
Pois é, estamos numa encosta virada a noroeste onde os ventos atlânticos chegam carregados de humidade e alimentariam em tempos idos, - que pena - bosques frondosos de carvalhos e castanheiros, que proporcionariam o sub-extracto adequado à existência destas espécies. arvores-do-sul
Mas ainda resta um souto onde nos deliciamos com a apanha de suculentas castanhas.
Com estas condições só nos resta apelarmos a todas as entidades e particulares para reflorestarem esta encosta com as espécies arbóreas de outrora. Pela nossa parte oferecemos os nossos braços para tão nobre obra.
Circundamos uma charca e iniciamos uma ligeira descida ladeados pelos omnipresentes eucaliptos por um caminho florestal bem delineado que contornando a encosta aproveita a curva de nível para poupar esforço a quem por aqui anda.
Esta encosta virada a norte está pejada de construções em ruínas, embora os socalcos prenhes de erva verde atestem que a pastorícia continua presente.
Deparamo-nos com uma cabrada bem composta de exemplares da cabra algarvia, ainda há pouco tempo esquecida, e agora fonte de rendimentos ímpares em todas as serranias destas paragens. Cabra_Algarvia
Esta caldeira trabalhada em socalcos, cheia de construções ganadeiras, parece suplicar um Centro de Interpretação da Pastorícia na Serra de Monchique.
Após passarmos os castelos quixotescos dos tempos modernos, habitados por donzelas faiscantes que nos enchem de esperança quanto ao futuro, descemos entre eucaliptos invadidos aqui e ali por plantas de frutos vermelhos, laranjas, amarelos e verdes que nos enchem de alegria.
Algumas construções em ruínas, totalmente invadidas pelas silvas, levam-nos a imaginar as vidas das gentes laboriosas de outrora que viviam em comunhão com a natureza. Alguém se interroga: - Será possível voltar atrás?
Pensamos que não. Mas podemos seguir em frente sustentadamente. E, lá no fundo, é um pouco isso que nos trás aqui e "Sempre por Maus Caminhos".
Monchique





Sempre a subir...




... Até à Fóia!




GR13- Via Algarviana (Sector 11)


Marmelete! Marmelete!... e cuidado com os peões!

Marmelete

domingo, 1 de novembro de 2009

Sabrosa-Provesende-24 de Outubro de 2009

Sabrosa-Provesende-24 de Outubro de 2009
Diz a tradição oral que, da exclamação “ – ProveZaide, proveZaide!”, resultou o nome Provesende, substituindo o antigo Vale Verde. Segundo a lenda “Outrora houve um mouro de nome Zaide, o rei Zaide, irmão de Jahia rei de Toledo, ao qual pertencera o castelo de São Domingos, que governava uma área não demarcada. ( Provesende )
E lá fomos nós! Rei Zeide, nem vê-lo, a não ser a referência "Papas Zeide" uma tasca típica de Provesende.
A terra estava engalanada para a festa que se adivinhava. Bancas com produtos locais e artesanato, o ensaio dos bombos que já se fazia sentir, artistas de rua já treinavam os malabarismos. Adivinhava-se que depois do nosso trajecto a pé até ao Pinhão era inevitável voltar à festa! Agora era tempo de descer até ao Douro!
Percurso bem marcado que atravessa toda uma zona de vinhedos e olival até à foz do rio Pinhão. Aí apenas tempo para dar uma volta na zona ribeirinha, ir até à belíssima estação de combóios e beber um copo.
A descer todos os santos ajudam mas para os poucos heróis que fizeram o regresso a pé até ao diabo devem ter vendido a alma! Valentes!
Os outros regressaram no autocarro para nos encontrarmos todos na anunciada festa.
Ainda houve uma providencial boleia numa carrinha de caixa aberta que transportou (só 18!!) nos últimos metros até ao centro da aldeia. Grandes 80 anos os deste Senhor!
Chegámos no calor da festa!
Mas se nesta república não encontrámos rei que avance o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama! Ei-lo, pronto a dar um pé de dança, a petiscar um enchido e a misturar-se por entre brincadeiras e conversa de ocasião. Quem sabe, um bom prenúncio para agora encarar uma Assembleia sem maioria absoluta. Mas a festa é do povo e todos tivemos a oportunidade também de rir e dançar nesta animação de rua. Atrasou-se a saída até à última mas o argumento de visitar a Quinta do Portal também tem o seu peso.
Quinta do Portal ). Espaço sofisticado com destaque para a adega com o exterior revestido a cortiça da autoria do arquitecto Siza Vieira. Após explicações sobre o processo produtivo e armazenamento houve tempo para provar estes néctares antes de rumar ao hotel em Sabrosa para terminar o dia com um belo jantar. ( Sabrosa ).
Provesende












A caminho do Pinhão... a descer!







Foz do rio Pinhão


Pinhão




Transporte Especial!


Festa em Provesende






Jaime Gama presente!




Quinta do Portal












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