sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vias Algarviana Day 8 - A prometida Nocturna transformada em Madrugona

Alte é uma povoação muito carismática onde os Algarvios se vêm abrigar do calor nos dias e noites quentes de Verão, deixando as praias para os alfacinhas.
Ainda noite tomamos um caminho escuro como breu pois a Lua Cheia já se tinha escondido por trás daquele monte.
Damos de caras com as Fontes Pequenas rodeadas de instalações apetecíveis, mas no Verão.
Não ouvi o coachar das rãs, nem o cantar do galo, senti apenas a humidade própria da manhã nos sítios frescos, em que a água brotando das pedras, alumiada pelas lamparinas a pilhas que alguns teimam em levar, entoa cânticos serenos saudando gente tão madrugadora.
Hoje somos muito mais. Não reconheço algumas vozes e o movimento cadenciado da multidão transmite silêncios que avolumam o mistério.
Percorremos algumas centenas de metros no meio do matorral e alguém pede silêncio. Estamos aqui para ouvir o chamamento das aves nocturnas, utilizando para tal um armadilha hábil. O Bufo Real em vias de extinção não respondeu à chamada. Apenas algum mocho "vulgaris" mais atrevido se manifestou. Aves de Portugal . SPEA - Para os que gostam de ouvir chilrear os pássaros ...
Amanhecendo. O sol tenta despontar entre as nuvens lá longe, à nossa frente. Os arbustos escondem ainda a escuridão da noite. As neblinas recolhem aos vales, planando sobre os cursos de água. Uma pequena brisa, sopra.
Os olhos ramelosos recusam-se a perceber o que nos rodeia. Mas ali na nossa frente surgem tisanas, doces, bolos e nectares, como que milagrosamente colocados pelos deuses da abastança.
Pausa para café. O frio aperta. A paisagem que nos rodeia, marcadamente arbustiva, assenta em terrenos calcários, onde as formações cársicas nos mostram formas irregularmente belas.
Chegamos a um pomar de citrinos em que a vedação é constituída por enormes blocos de calcário criando um obstáculo intransponível para os ladrões de laranja.
O piso torna-se muito irregular e está preenchido por pedras pontiagudas que magoam intensamente as solas dos pés.
Chegamos a um terreno de cultivo onde o calor exalado pela terra denuncia húmus em formação. O trilho torna-se mais irregular, mas revela uma beleza extraordinária ladeado por oliveiras, amendoeiras e alfarrobeiras, ancestrais.
Atravessamos uma pequena aldeia e lá ao longe, explicam-nos, está sedeada mais uma iniciativa da Almargem Centro Interpretação Ambiental da Rocha da Pena.
Aqui no Barrocal existem diversas formações geológicas com muito interesse - a Rocha da Pena, a Rocha dos Soidos, o Polje da Nave do Barão, uvalas e lapiás. Porque não a criação de um pólo de geosítios nesta zona, à semelhança dos parques geológicos Naturtejo e Geopark Arouca?
Mais uns quilómetros marchados e entramos em Salir. Tudo por aqui está ligado aos Mouros e à Reconquista desde os topónimos - Benafim, às lendas, às tradições, à agricultura, ao urbanismo.
Deixo-vos "merodeando" pelo Barrocal, um dos meus destinos de eleição.
Via Algarvina                                     VER FOTOS 

1 Comments:

Blogger tigusto said...

E vivó barrocal! Um espanto!

segunda-feira, abril 26, 2010 11:23:00 da tarde  

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