quinta-feira, 15 de abril de 2010

Via Algarviana Day 4 - Subindo até à Fóia 902 metros

Deixamos Marmelete subindo por um caminho à nossa esquerda. A mata de eucaliptos vai-nos acompanhar quase toda a viagem pela Serra de Monchique. Aqui e ali despontam alguns medronheiros anunciando que estamos em terras de destilarias.
Hoje vamos ser guiados pelo nosso companheiro Refóias dot net, de seu nome de pia Mário, que nos desencaminhará por sítios só por ele conhecidos, não fosse ele homem nado e crescido nestas paragens.
Assim fazemos, quase no início, um desvio até um penhasco à nossa direita onde estão instaladas algumas antenas para apreciarmos o local donde se avista a costa Sul e a costa Norte (efectivamente esta apresenta-se a oeste, para os lados de Aljezur, mas a população conhece-a por Costa Norte, talvez pela turbulência marinha que aí se faz sentir...).
Após uma pequena pausa continuamos a calcorrear o caminho de terra em direcção ao cume. Ultrapassamos quintas abandonadas com os seus terrenos engolidos pelas silvas onde se vêm, também, algumas instalações pecuárias em ruínas que nos indicam estarmos em terras afamadas pela charcutaria de porco preto.
O terreno, virado a norte, é agora composto por vegetação rasteira - tôjo, urze, carqueja. O vento sopra forte alimentando as enormes pás desses moinhos modernos que apenas produzem electricidade em "pó" e cujos moleiros estão agora comodamente sentados a milhares de km de distância - comentam que, na Alemanha -
em frente a consolas e ecrans gigantes com a última versão da "Guerra das Estrelas".
Mais um momento de descanso para aliviar as mochilas. Viram-se as costas ao vento e cavaqueia-se em várias línguas. O nosso grupo é multi-étnico e multi-cultural.
O nosso parente Refóias desafia-nos para mais um desvio, este com um par de quilómetros, para descermos à cachoeira. E lá vamos, encosta abaixo, apreciando os campos em socalcos e as ruínas de uma ou outra casa onde outrora a pastorícia era a actividade principal. Hoje ainda se vêm algumas cabras de raça Algarvia, mas em geral os lameiros apresentam-se desertos.
Com a cascata já à vista - este ano impressionante depois de três meses de chuva - dispersamo-nos pela encosta aproveitando enormes blocos de pedra trabalhada, aqui colocados para desfrute da paisagem, para improvisar mesas e bancos e dar-mos início a mais um momento lúdico à volta dos chouriços, queijos, pão, bolos (costas, de mel, etc.) e também das barritas energéticas, sumos, e sanduíches vegetarianas. Enfim, um delicioso banquete à sombra dos chaparros e azinheiras, com a cascata em fundo, num sítio paradisíaco que bem merece o desvio de quem percorre a Algarviana.
Daqui à Fóia é um passinho - diz alguém . Será? Interroga-se outro. 
Depois de retomarmos a via sinalizada apreciamos os socalcos verdejantes e ainda cuidados onde a água que brota das rochas se espraia e se some.
As antenas de comunicações que um dia nos avisarão da chegada dos mouros coroam todo o pico da fóia.
Mais prados, um souto imenso com castanheiros centenários, uma charca, lembram como seria a serra à duzentos anos.
Tomamos um carreiro ultrapassando um portal muito original na vedação - abre na vertical, com o seu eixo sobre as nossas cabeças - e ao subir vamos tentando evitar os inúmeros charcos onde se atascam as nossa botas velhas e cansadas.
Mais um momento de reflexão. Alguns dormitam, outras sobem aos penhascos, outros movidos pela concupiscência de aparecer na reportagem aprestam-se a oferecer-se para dar entrevistas. Sim senhor hoje veio visitar-nos uma qualquer TV online.
Umas "takes" depois, lá vamos, ainda assustados pelo ataque de carraças - em zonas onde apascenta muito gado são frequentes e à que ter , cuidado - seguindo os maus caminhos da Serra até ao alcatrão que nos leva a Monchique.
Mais um desvio e iniciamos a descida para o Mosteiro de Monchique. Aqui além das ruínas do edifício e de toda a história que as envolvem, a relevância vais para um conjunto de árvores de porte centenário - sobretudo sobreiros - que mereciam ser classificadas tal como já o são os plátanos, a araucária, a magnólia e um carvalho que se distribuem por vários locais de Monchique.
Entramos nesta bonita vila da Serra Algarvia por ruelas ricamente engalanadas e constata-mos os cuidados postos na recuperação de todo o seu centro histórico. Dos seus monumentos ressalta a Igreja da Misericórdia com um lindo pórtico manuelino.
 À noite aguardava-nos um repasto confeccionado com porco preto - o cachaço assado no forno. Delicioso, e como que a avisar-nos que a Via Algarviana é muito mais que património natural.
Ainda tivemos tempo para uma visita a uma olaria tradicional e deixámos a promessa de voltar para visitar a destilaria de medronho e melosa - bebida á base de mel e aguardente de medronho com produçãio certificada apenas nesta zona.
Via Algarvina                                     VER FOTOS 

1 Comments:

Blogger tigusto said...

Quem tanto sobe precisa de refazer as suas energias nesses patrimónios!;-)

quinta-feira, abril 15, 2010 8:08:00 da tarde  

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