segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Andando e aprendendo... Sempre, sempre por maus caminhos Foz do Arelho - Salir do Porto - Serra do Bouro

O dia prometia-se enevoado e ventoso. Uns quantos, poucos, mas dos melhores, acorreram a mais um evento pela zona costeira. Graças a dois amigos dos Caminheiros das Caldas - O Manuel e o José, todos Pimpões, lá demos com o caminho.
O passeio em autocarro pelas margens da lagoa de "Óbidos" aguçou-nos a curiosidade para uma próxima. Garças, corvos-marinhos,  pescadores e barcos multi-cores, rompiam o suave vai-vem das águas salobras da ria.
Chegados à Foz do Arelho iniciámos uma subida por caminhos entre arbustos, ziguezagueando, com rumo algo incerto. Alguém nos avisou que a Serra do Bouro confunde o caminheiro e transforma metros em quilómetros. Os nossos guias lá foram desbravando caminho, hesitando aqui e ali, conduzindo-nos, ora de um lado ora do outro, das encostas do Bouro. Aqui o mar com as Berlengas semi-ocultas pelas brumas, além as Caldas e a Serra dos Candeeiros.
Todos os caminhos revelam surpresas e criam emoções. Aqui um moinho, ali uma arriba desfeita. Além um bando de perdizes, ao longe os Faralhões. Cogumelos às dezenas - lepiotas, amanitas, e muitos outros.
O vento impede a paragem para a merenda no miradouro sobre o mar... Continuamos. Por fim quatro pinheiros retorcidos abrigam-nos para saborear os parcos alimentos que transportamos. O mar imenso,  ao fundo, serve de enquadramento magnífico aos escassos minutos de descanso. O sol abre caminho entre as nuvens e inunda o pequeno terreiro.
Mas o momento alto estava ainda para chegar. Algumas "casas" de madeira implantadas na encosta sobre o mar, com vistas magníficas, revelam a voracidade do homem por espaços selvagens e belos. Não fossem a destruição do manto vegetal em volta e os aramados frágeis de protecção, até poderia aceitar este usufruir egoísta da paisagem de todos nós.Aqui chegados contornamos um terreno, por caminho lamacento, e chegamos  à arriba que descai sobre o mar. Aos nosso pés estende-se uma laje imensa polvilhada de pegadas de saurópodes. Um encanto, uma descoberta... Oxalá se mantenha longe dos noticiários.
Avista-se o Sítio da Nazaré de um lado e do outro o cabo Carvoeiro. Ao longo da linha da Costa, para lá da Lagoa de Óbidos, temos a Bética ,  Ferrel - a da central nuclear, o Baleal, Peniche. Do outro, São Martinho do Porto e a praia imensa e perigosa da Salgada, adivinha-se a Nazaré, mas o que se impõe é a Pederneira, onde os grandes troncos do pinhal deram forma às famosas naus.
Já vamos descendo com Salir do Porto a nossos pés, mas um desvio empinado, à nossa esquerda, bordeado de degraus, é caminho obrigatório. Do alto, a impressionante concha do Porto (de Salir, de S. Martinho) revela-se em todo o seu esplendor - indescritível .Tal é a gratificante impressão que nos provoca, que, ali mesmo, debaixo das gotas inclementes da chuva, decidimos continuar a contornar aquele pedaço de areal.
Por entre o casario incaracterístico descemos à praia. Um pontão de madeira transpõe-nos para o outro lado da ribeira. Caminhamos mais um ou dois quilómetros sobre o passadiço de madeira e terminamos junto ao Parque de Campismo.
Voltamos a Salir, onde um pequeno café restaurante nos acolhe entre cervejas, bochechas e chanfana... de vaca.
Obrigado amigos dos Caminheiros das Caldas, por estas quatro horas de canseira, numa manhã enevoada e ventosa de Novembro. Voltaremos.

1 Comments:

Blogger tigusto said...

Uma descrição assim ainda torna mais bonita a costa!

quarta-feira, novembro 24, 2010 12:39:00 da manhã  

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