domingo, 13 de maio de 2007

Da Praia de Odeceixe à Zambujeira do Mar - 12.05.2007











O Montanhismo foi à praia!
Mais uma etapa desta aventura de ligar Sines a Sagres o mais possível junto ao mar, sempre por maus caminhos, claro está!
Desta vez cumpriu-se de Sul para Norte o troço entre a Praia de Odeceixe e a Zambujeira do Mar passando por Azenha do Mar, Praia da Amália, Praia do Carvalhal.
O tempo melhorou e até deu para dar um mergulho numa das praias a meio caminho.
Terminámos no Rocamar com um conjunto de pitéus a que o Sr Tomé já nos habituou.
Voltaremos para continuar em direcção ao Sul.

Isla de La Palma I- Abril 2007






A la Cima de La Isla
Primeiro dia de caminhadas na ilha. Se a expectativa era alta porque não começar pelo topo?!
Dito e feito subimos aos 2.426m de altitude através de uma estrada bem retorcida até à zona do Observatório Astronómico onde iniciámos a caminhada (Roque de Los Muchachos) sempre à beira de precípicios imponentes para o interior da Caldera de Taburiente. As vistas são espectaculares e sentíamo-nos literalmente acima das nuvens!
Daqui podíamos vislumbrar o Pico do Teide, em Tenerife, já conhecido de alguns de nós.
Sempre bem acompanhados pela nossa guia Mónica que nos ia dando explicações ao longo do percurso começámos novamente a descer em altitude e, pelos 2.000m, já nos faziam de novo companhia os pinheiros canários, uma espécie muito particular nesta ilha.
Tínhamos começado em grande!

Isla de La Palma II- Abril 2007






El Bosque Encantado
Era tempo para perceber nesta segunda caminhada que nesta ilha a exuberância do verde existe! Após subida, que parecia não querer terminar, alcançamos o mirador de La Somada Alta a 900m de altitude onde, forçosamente, descansámos a vista (cansada) na paisagem para o mar e povoados no Nordeste da ilha.
Daí seguimos um trilho que nos foi conduzindo a pouco e pouco para o tal bosque encantado. Estávamos agora num ambiente quase tropical rodeados de um bosque cerrado com árvores centenárias que compõem esta floresta de Laurissilva. Daí seguimos para a localidade de S. Bartolo onde terminámos esta primeira parte do passeio.
Na parte da tarde explorámos o dramático Barranco de La Galga onde pudemos disfrutar, entre o fartar de descer e fartar de subir, uma bela paisagem que se dividia por entre os campos de vinhedos e o mar. Foi um fartar de andar por entre "plataneras" até ao mirador da Playa de Nogales onde nos esperava o autocarro para nos levar de regresso ao hotel.

Isla de La Palma III- Abril 2007




Santa Cruz de La Palma.

Tempo para "intervalar" as caminhadas e visitar a capital aproveitando para dar uma voltinha na ilha.
Uns alugaram carro, outros usaram os transportes locais e lá fomos de caminho até Santa Cruz onde pudemos viver o ambiente das suas ruas, observar a arquitectura civil e religiosa, provar umas tapas e comprar uns "recuerdos".
Os que tinham carro alugado deambularam pela ilha até Los Tilos, Los Sauces, Garafia, Puntagorda...

Isla de La Palma IV- Abril 2007






"Ruta del Teneguia"

A terceira caminhada na ilha localizou-se no sul de La Palma.
Junto a Fuencaliente a 650m de altitude caminhamos agora ao longo do vértice da cratera perfeita do vulcão de St.º António de onde temos uma vista para o interior da mesma e para o mar que nos circunda.
Tempo ainda para visitar o Centro de Interpretação no local.
Daí descemos através de uma árida paisagem de escórias e areias vulcânicas sempre contrastantes com o azul profundo do mar.
Atingimos o vulcão de Teneguia, o mais recente das Canárias, que ascendemos através de uma dramática paisagem de rios de lava que se prolongam até ao mar.
Voltamos a descer, sem nos deixarmos vencer por alguma sensação de vertigem, e dirigimo-nos por entre campos de areia vulcânica para o farol de Fuencaliente onde visitámos uma recente exposição que colocava a tónica nas preocupações ecológicas que La Palma enfrenta.
Na pequena praia uma inevitável "caña" e um banho de mar completaram mais um grande dia.

Isla de La Palma V- Abril 2007






La Caldera de Taburiente.
A última caminhada estava programada para uma das maiores crateras de erosão do mundo, a Caldera de Taburiente.
Situada no centro da ilha circundada de montanhas cujos cumes atingem os 2.500m de altitude e onde existem paredes verticais de quase 1.000m, tem um diâmetro de 9Km e um perímetro de 27Km e, devido à sua orografia, goza de um clima especial com muito sol e abrigada dos ventos durante quase todo o ano
No seu interior encontramos riachos, cascatas, barrancos e uma grande variedade na flora.
Após uma inesquecível viagem num autocarro TT chegamos a Brecitos a 1.040m de altitude. A partir daí seguimos um trilho descendente devidamente marcado até à "Zona de Acampada" junto ao Rio Taburiente onde pudemos observar com mais calma os tais cumes espectaculares que nos rodeavam.
Daí seguimos até ao "Barranco das Angústias" sempre rodeados de uma magnífica paisagem,
acabando o passeio ao longo do leito do rio onde nos esperava de novo aquele autocarro fabuloso.
Grande dia!
Ficam umas fotos para recordar.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Petiscos e conversas…II

A caminhada em Terras de Moimenta da Beira de 21/04/2007 foi deslumbrante, tendo sido a arte de bem receber uma questão de honra por parte dos nossos anfitriões da Câmara Municipal de Moimenta da Beira.

Na primeira caminhada em Ariz, fomos visitar a igreja que reporta à época da nossa nacionalidade, já à saída da localidade tivemos a oportunidade de ver um moinho de água a funcionar. Aqui, fomos banqueteados com iguarias locais feitas com milho e centeio moídos no referido Moinho. Essa farinha foi transformada e amassada, e após a cozedura, deu-nos a oportunidade de provar um pão fabuloso, acabado de sair do forno (do quente que ainda estava nem se conseguia cortar com fatias direitas).
Foi extraordinário saborear o queijo de cabra feito no dia anterior, mas o que mais nos maravilhou foram as famosas papas de milho. Não se podem esquecer os chouriços e o vinho, uma “pinga” suave e de paladar adamado.
São de enaltecer os ingredientes utilizados, tão simples e puros, que vieram satisfazer os nossos apetites tão sequiosos, porque o paladar também nos provoca emoções fortes.

Instalámo-nos no novo Hotel Verdeal, ainda em fase de acabamentos finais. Arrojado nas suas linhas arquitectónicas, de traço simples, onde o granito é rei, paralelamente com outros matérias de construção de boa qualidade, tendo sido aplicado uma caixilharia de alumínio lacada com vidro duplo de grande secção, proporcionando bons isolamentos térmicos. Chama-nos à atenção os pormenores de uma decoração elegante, em que a combinação das cores quentes das paredes dos quartos com a nobreza da madeira utilizada nos lambris, armários e cabeceiras, contrasta muito bem o claro do carvalho com o escuro do mogno. As salas de banho, bem equipadas, com sanitários e acessórios de boas marcas, assim como a qualidade dos atoalhados e roupa branca, em boa verdade, com um bom serviço de quartos para um 3 estrelas.
No exterior, o pavimento de calçada portuguesa de granito, zonas de relvado, candeeiros de designer estilizado de linha italiana, fazem da zona da piscina um local envolvente. Principalmente numa noite quente como aquela, onde o cantar das rãs e ralos eram interrompidos com os sons que vinham da queima do fogo de artifício que estava a ser lançado na serra em frente, em Fonte da Arcada, local da Romaria e do percurso pedestre no dia seguinte.
Tenho porém um pequeno reparo a fazer: como os corredores dos pisos do Hotel são muito compridos e com o pavimento em granito, seria aconselhável colocar uma passadeira em alcatifa de pêlo baixo; assim, desta forma, abafava o som dos saltos dos sapatos e das rodas dos tróleis causando alguma insonorização e dando algum conforto, sendo que a cor a aplicar o vermelho-fogo, ficaria “a matar”!

O jantar foi no Restaurante do Hotel, chamado o “Peto Real “. Quero dar os meus parabéns ao buffet de entradas, sem arriscar qualquer das iguarias, mas, p.f. não me levem a mal, destacava a entrada de mexilhão.
No prato principal, bifinhos de vitela c/ cogumelos, a carne estava macia e bem temperada e o molho tinha uma textura homogénea. Do meu ponto de vista, relativamente ao acompanhamento dos grelos salteados, deveriam levar mais alho picado para activar a combinação do sabor da verdura; as batatinhas novas assadas estavam muito boas, cumpriram aquilo que lhes era pedido, absorveram parte do molho da carne. O arroz de cenoura ficou solto, tendo sido a cozedura a vapor importante. O buffet de sobremesas estava irrepreensível, não há dúvida que temos uma doçaria regional muito boa e muito bem representada; quero também deixar uma palavra para a Mousse de Chocolate, a ligação do chocolate com as claras, estava muito fofa, deixando o paladar do travo amargo.
No que se refere aos vinhos: o Tinto, da Região de Táboa-Varosa um DOC de cor rubi, equilibrado, bastante aromático. O Branco “Terras do Demo-Malvasia” da Coop. Agrícola do Távora, um bom vinho, de paladar doce, frutado, fresco, causou muito boa impressão (ou não estivéssemos a beber um vinho da zona de excelentes brancos). Por fim, o Espumante “Terras do Demo-Branco Malvasia Fina Bruto”, também da Coop.Agrícola do Távora, de enaltecer a sua espuma, efervescência natural e perfume, basta dizer pura e simplesmente, um grande espumante.

Em questão do serviço à mesa, bons profissionais com boa formação. Até vieram a propósito os comentários que fiz na crónica anterior (Petiscos e Conversas I), referente há qualificação dos profissionais de hotelaria e restauração.

Quero também aqui deixar uma palavra aos proprietários do Hotel Verdeal, que embora não pertença a qualquer cadeia de hotéis, é de louvar a sua coragem em edificar um empreendimento desta categoria, revestindo-se aquele investimento de largos milhares de euros, tendo nos seus promotores a apostada num nicho de mercado muito exigente, cujo retorno financeiro só dependerá da qualidade do serviço prestado.
A qualidade é indubitavelmente a chave para o sucesso do nosso turismo, para mais, nas regiões do interior, onde ainda é mais importante esse atributo, dado estarem afastadas das grandes rotas de turismo de massas, as praias.

Não há dúvida que a Região de Moimenta da Beira tem todas as potencialidades necessárias para se tornar numa zona de turismo de qualidade, tem história, paisagens, montanha, percursos pedestres, barragem, água, gastronomia, vinhos e gentes que sabem receber.

José A. Sardinha

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Moimenta da Beira II - 23 de Abril

O convite despertava a nossa curiosidade e dava corpo ao nosso desejo de palmilhar uns kilómetros. Participar na Romaria à N.ª Sr.ª da Saúde em Fonte Arcada acompanhando(!) os romeiros de Moimenta foi afinal algo de inesquecível e a repetir noutras paragens e ocasiões - venham de lá esses convites! Malta castiça, muito animada, mas com uma pedalada difícil de acompanhar. Lá fomos correndo "atrás" dos romeiros com algumas provas (de tintos) rodeados de muita animação. Mas o melhor estava para chegar. Primeiro a paisagem impressionante da barragem do Vilar (Rio Távora) e depois encosta acima até vislumbrar um daqueles locais esquecidos no tempo e na memória das gentes - Fonte Arcada. Local de peregrinação talvez desde 1400, com a sua fonte românica ( ou romana?), a fonte das três bicas - renascentista?, o cruzeiro, as ruelas, as casas de pedra, os muros suportando os quintais, a igreja românica, o solar de D. Loba e muitos outros solares de diversas épocas, enfim um local de muita história e imensa beleza. Será que alguém esteve aqui? E se por aqui andou, não deu a conhecer? É daqueles sítios inexistentes nas nossas memórias e que merece ser visitado e revisitado, não só no dia da sua romaria, mas todos os dias do ano. Voltando à romaria refiram-se os andores engalanados de mil Flores, agora puxados por tractores, e que nas recordações de alguns ainda se mantem a imagem dos bois de trabalho como força de tracção, que aqui as ruas são íngremes e a capela da N.ª Sr.ª da Saúde fica lá bem no alto. Romaria também significa feira e festa e à nossa volta erguiam-se centenas de postos de venda de todo o tipo de quinquilharia que se possa imaginar. E tendas de comes e bebes exalando odores de banquente medieval nas quais nos embrenhámos detidamente, partilhando merendas, cantigas e lembranças. Pr'o ano não sei, mas há por ali outras romarias que despertam o nosso interesse e chamam à participação dos "exilados" em Lisboa que têm por "hobbie" percorrer o país a penantes - S. Torquato, Sr.ª da Lapa., etc.

Moimenta da Beira I - 22 de Abril

Com o apoio da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, lá fomos à descoberta de novas paragens. Chegados a Ariz onde nos esperava o Presidente da Junta de Freguesia que gentilmente nos explicou a história e algumas estórias daquele local, enquanto aguardavamos pelos técnicos de turismo de Moimenta. O local ou os seus arredores terão sido habitados no calcolítico, conforme confirma o castro nomeado pela população "Castelo dos Mouros", que também deu corpo ao brasão da Freguesia. A igreja datada de 1450(?), erigida sobre uma anterior capela românica, apresenta frescos de grande beleza. O forno comunitário no centro da Aldeia com a escala dos utilizadores afixada na porta. Mas sobretudo o conjunto de casas e palheiros de pedra granítica construídos sobre rochedo eminente pontilhado de sepulturas antropomórficas cavadas na rocha atestam a beleza do local.
Lá fomos calcorreando ao lado da ribeira à procura dos Moinhos, bem conservados e ainda em funcionamento, graças ao Sr. Augusto e à Tia Arminda, que nos presentearam com umas papas de milho preparadas no momento e outras iguarias - delicioso. Depois, um tanto ou quanto mais pesados mas muito satisfeitos, lá atravessámos a ribeira que alimenta os moinhos e irriga as margens onde se cultivam o centeio e o milho que dão vida à "azenha", ganham forma no forno e alimentam quem por ali passa, desde que antecipadamente se contacte os proprietários. Lá no alto os restos do Castro e mais além um Menhir, acolá algumas antas, aqui denominadas orcas. Por todo o lado água brotando pelos campos adivinhando a nascente do rio Varosa. Depois visitámos Alvite, povoado habitado desde o tempo em que a plantação da batata atraiu ao local gentes de outras paragens e origens. Os mais velhos ainda conservam o dialecto que permitia fechar negócios mantendo a sua alma - o segredo! Hoje continuam a mercar produtos comprados aqui e ali e vendidos por todo o país. Algumas velhotas entretinham-se no adro a tecer meias de lã cobertas pelos lenços negros do luto de algum ente querido, que por aqui os costumes ancestrais ainda marcam as almas ... e os corpos. Uma referência ao Museu Etnológico criado e mantido pela associação de moradores de Alvite e magistralmente explicado pela Sr.ª Professora já aposentada. Lá estão todos os utensílios de tempos antigos - até uma carro de bois com a sua cesta de castanho, e muitos versos a contar hábitos não tão longínquos.

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