segunda-feira, 7 de maio de 2007

Petiscos e conversas…II

A caminhada em Terras de Moimenta da Beira de 21/04/2007 foi deslumbrante, tendo sido a arte de bem receber uma questão de honra por parte dos nossos anfitriões da Câmara Municipal de Moimenta da Beira.

Na primeira caminhada em Ariz, fomos visitar a igreja que reporta à época da nossa nacionalidade, já à saída da localidade tivemos a oportunidade de ver um moinho de água a funcionar. Aqui, fomos banqueteados com iguarias locais feitas com milho e centeio moídos no referido Moinho. Essa farinha foi transformada e amassada, e após a cozedura, deu-nos a oportunidade de provar um pão fabuloso, acabado de sair do forno (do quente que ainda estava nem se conseguia cortar com fatias direitas).
Foi extraordinário saborear o queijo de cabra feito no dia anterior, mas o que mais nos maravilhou foram as famosas papas de milho. Não se podem esquecer os chouriços e o vinho, uma “pinga” suave e de paladar adamado.
São de enaltecer os ingredientes utilizados, tão simples e puros, que vieram satisfazer os nossos apetites tão sequiosos, porque o paladar também nos provoca emoções fortes.

Instalámo-nos no novo Hotel Verdeal, ainda em fase de acabamentos finais. Arrojado nas suas linhas arquitectónicas, de traço simples, onde o granito é rei, paralelamente com outros matérias de construção de boa qualidade, tendo sido aplicado uma caixilharia de alumínio lacada com vidro duplo de grande secção, proporcionando bons isolamentos térmicos. Chama-nos à atenção os pormenores de uma decoração elegante, em que a combinação das cores quentes das paredes dos quartos com a nobreza da madeira utilizada nos lambris, armários e cabeceiras, contrasta muito bem o claro do carvalho com o escuro do mogno. As salas de banho, bem equipadas, com sanitários e acessórios de boas marcas, assim como a qualidade dos atoalhados e roupa branca, em boa verdade, com um bom serviço de quartos para um 3 estrelas.
No exterior, o pavimento de calçada portuguesa de granito, zonas de relvado, candeeiros de designer estilizado de linha italiana, fazem da zona da piscina um local envolvente. Principalmente numa noite quente como aquela, onde o cantar das rãs e ralos eram interrompidos com os sons que vinham da queima do fogo de artifício que estava a ser lançado na serra em frente, em Fonte da Arcada, local da Romaria e do percurso pedestre no dia seguinte.
Tenho porém um pequeno reparo a fazer: como os corredores dos pisos do Hotel são muito compridos e com o pavimento em granito, seria aconselhável colocar uma passadeira em alcatifa de pêlo baixo; assim, desta forma, abafava o som dos saltos dos sapatos e das rodas dos tróleis causando alguma insonorização e dando algum conforto, sendo que a cor a aplicar o vermelho-fogo, ficaria “a matar”!

O jantar foi no Restaurante do Hotel, chamado o “Peto Real “. Quero dar os meus parabéns ao buffet de entradas, sem arriscar qualquer das iguarias, mas, p.f. não me levem a mal, destacava a entrada de mexilhão.
No prato principal, bifinhos de vitela c/ cogumelos, a carne estava macia e bem temperada e o molho tinha uma textura homogénea. Do meu ponto de vista, relativamente ao acompanhamento dos grelos salteados, deveriam levar mais alho picado para activar a combinação do sabor da verdura; as batatinhas novas assadas estavam muito boas, cumpriram aquilo que lhes era pedido, absorveram parte do molho da carne. O arroz de cenoura ficou solto, tendo sido a cozedura a vapor importante. O buffet de sobremesas estava irrepreensível, não há dúvida que temos uma doçaria regional muito boa e muito bem representada; quero também deixar uma palavra para a Mousse de Chocolate, a ligação do chocolate com as claras, estava muito fofa, deixando o paladar do travo amargo.
No que se refere aos vinhos: o Tinto, da Região de Táboa-Varosa um DOC de cor rubi, equilibrado, bastante aromático. O Branco “Terras do Demo-Malvasia” da Coop. Agrícola do Távora, um bom vinho, de paladar doce, frutado, fresco, causou muito boa impressão (ou não estivéssemos a beber um vinho da zona de excelentes brancos). Por fim, o Espumante “Terras do Demo-Branco Malvasia Fina Bruto”, também da Coop.Agrícola do Távora, de enaltecer a sua espuma, efervescência natural e perfume, basta dizer pura e simplesmente, um grande espumante.

Em questão do serviço à mesa, bons profissionais com boa formação. Até vieram a propósito os comentários que fiz na crónica anterior (Petiscos e Conversas I), referente há qualificação dos profissionais de hotelaria e restauração.

Quero também aqui deixar uma palavra aos proprietários do Hotel Verdeal, que embora não pertença a qualquer cadeia de hotéis, é de louvar a sua coragem em edificar um empreendimento desta categoria, revestindo-se aquele investimento de largos milhares de euros, tendo nos seus promotores a apostada num nicho de mercado muito exigente, cujo retorno financeiro só dependerá da qualidade do serviço prestado.
A qualidade é indubitavelmente a chave para o sucesso do nosso turismo, para mais, nas regiões do interior, onde ainda é mais importante esse atributo, dado estarem afastadas das grandes rotas de turismo de massas, as praias.

Não há dúvida que a Região de Moimenta da Beira tem todas as potencialidades necessárias para se tornar numa zona de turismo de qualidade, tem história, paisagens, montanha, percursos pedestres, barragem, água, gastronomia, vinhos e gentes que sabem receber.

José A. Sardinha

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