quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tarouca, Montemuro-14 e 15 de Fevereiro de 2009

A chegada ao que resta do Mosteiro continua a impressionar quem já por aqui andou umas quantas vezes. Um grupo de cerca de 60 curiosos - sempre!, ouviu atentamente as explicações do Sr. Caetano, intercaladas aqui e ali de situações anedóticas, que, felizmente, não impediram que tão valioso testemunho da nossa história tenha chegado aos dias de hoje.



Tarouca, Montemuro-14 e 15 de Fevereiro de 2009








Iniciámos o nosso passeio pedestre temerosos das dificuldades que várias semanas de temporal prenunciavam.
Atravessando a ponte românica sobre o rio Varosa, um burreco mirandês veio cumprimentar a caravana, quem sabe se à procura de companhia.

O dono do asno tranquilizou os caminheiros anunciando que o caminho estava limpo e o rio já tinha voltado ao seu leito.
Saimos pela rua da Fonte em direcção aos campos de cultivo na várzea que ladeia a ribeira. Alguns espigueiros chamam-nos a atenção por pensarmos não serem estas terras conhecidas por tal elemento arquitectónico.
O caminho empedrado desemboca num bosque de pinheiros que esconde um carreiro ladeado por muros que sustentam as terras à nossa esquerda e impede o avanço das cheias do lado oposto. O tapete relvado amortece os passos titubeantes do grupo.
O rio já se retirou da várzea mas ainda são visiveis os seus efeitos.
Por um caminho bem arranjado desembocamos na povoação de Outeiron onde uma imponente ponte românica aguarda as nossas poses.
O ímpeto do Varosa vai aqui na sua máxima força arrastando ainda algum tronco perdido. - Há cinco ou seis dias passava a direito sobre aqueles muros. Diz alguém.
A partir daqui o percurso decorre por caminhos alcatroados, mas as curiosidades vão-se sucedendo.
No cimo da primeira rampa, deparamo-nos com o arco de Paradela. Construção possivelmente romana, ou melhor o que resta de um construção que dessa forma se presta a muitas interpretações. A paisagem aqui é deslumbrante, apesar das dezenas de construções dispersas pelo vale. Eis-nos pois debruçados sobre o "vale encantado". Encantado mas só lá para o mês de Maio quando, no momento da floração, milhares de sabugueiros emprestam um branco intenso a estas paragens. Atravessamos D' alvares e por um caminho que já foi de terra atravessamos a nova ponte que nos transporta para a povoação de Valdevez.
Ainda paramos para observar as águas do rio procurando vislumbrar as deliciosas trutas que outrora eram abundantes.
Aproximamos-nos do local do evento que aqui nos traz, denunciado pelo fumo que se escapa entre o casario.
Os recos jazem num banco improvisado e a azafama da matança transporta-nos para outros tempos.
Ainda houve tempo para subir à Serra de Santa Helena.
O frio cortante agravado por um vento forte não nos impediu de estender a vista
até às Serras de Montemuro, das Meadas, do marão e do Alvão.

A serra de crista nevada esbatida contra os últimos raios de sol convida-nos a voltar. Anoitece, e um manto de silêncio abate-se sobre mais um dia de percursos - Sempre por maus caminhos.


































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