sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Alvaiázere - Bofinho e o Chícharo que aqui nos trouxe ...



As curvas do caminho faziam adivinhar o desfecho. Após uns quantos minutos desde a localidade de Cabaços parámos na famosa escola. Aqui a reabilitação não tem como finalidade Associções de Caçadores. Os caminheiros e os passeantes terão uma casa de apoio para os passeios na serra e no barranco da ribeira.
O caminho serpenteia entre casebres de pedra calcária rodeados de pequenas hortas abandonadas. A calçada leva-nos até um caminho de terra bem empinado que parece subir ao céu. As primeiras perdizes encantam o grupo da frente. Seriam para aí uns quarenta aventureiros que debaixo de um sol escaldante de Outubro se aventura nas faldas da Serra de Alvaiázere. Os medronhos já despontam maduros nos arbustos que ladeiam o caminho. Um bando de corvos assustados saltita na encosta à nossa frente para logo desaparecer do outro lado do monte. Já quase no alto avistamos toda a operfeição da Dolina à nossa esquerda. Num cruzamento descobrimos que afinal há mais trajectos em preparação - este à nossa esquerda leva à Fórnea. Com o  grupo bastante esticado atingimos os quatro quilómetros de passeio, praticamente feitos em subida. Contornamos a Serra um pouco acima da Marzugueira - onde alguns avistam um cortejo de Donas Elviras. Vislumbramso Alvaiázere que se estende por boa parte do vale. Estamos em Terras de Sicó e as vinhas salpicam a paisagem ressequida, de brotes verdes. De repente, no caminho sempre a descer que leva ao Pé da Serra, mostra-se um sinal pertubador que quase aponta para o Céu. O trilho segue por uma encosta a pique que nos esgota as últimas forças. Com trinta e muitos graus de temperatura o cansaço abate a mais do que um. Um grande arraial e algumas sombras com bancos anunciam a capela de Nossa Senhora dos Covões. Sítio magnífico e providencial para uma pausa no caminho. Quase todos sacam de um naco de pão com algo para enganar a fome - as doze badaladas acabam de soar. Após um bom quarto de hora chegam os últimos e vamos pensando em retomar o carreiro. Atravessamos a aldeia e por uma vereda tortuosa, cavada na encosta, alcançamos a Associação de Caçadores e campo de treino de cães de caça, para de seguida virar á direita por quintas e casas isoladas. Um cão assusta o mais destemido e logo alguém lembra que o dono é bem mais perigoso. Efectivamente. Um alemão robusto e de bigode farfalhudo começa a grasnar improperios em língua de trapos. Entramos num caminho perfeitamente calcetado e acusamos o aroma intenso que vem das casas da aldeia da Mata, adivinhando os pitéus por detrás das cortinas.Por entre ruínas avistamos um engenho de lagar abandonado. Como se nos abriu o apetite e apenas nos faltam cerca de um terço das léguas totais, aceleramos o passo. Deixamos a última casa da Boca da Mata e entramos numa vereda muito apertada que nos surpreende. Este canal estreito por entre os arbustos desemboca numa linha de água - o Barranco da Ribeira. Após os primeiros 100 metros estamos todos encantados, caminhando lentamente no leito do barranco. Mas...depois vieram mais cem metros que se transformaram em muitos mil no final. No barranco não corria um único fio de água (sorte ou azar?). Os desníveis começam a intensificar-se e lá estavamos nós em pleno caminho "ferrato" - cordas providenciais amarradas na rocha. Vamos voltar aqui, mas com água. Certo? Alcançamos a estrada sem percalços de maior. Apenas um ou outro arranhão, e com o apetite multiplicado por mil , tal o avançado da hora. Chegados a Alvaiázere, ansiosos pelo repasto de Chícharos, entrámos de rompante no restaurante O Brás. Primeiro vieram os pratos, depois os guardanapos, os talheres, os copos, as águas. Um pratinho de petingas, outro de joaquinzinhos, uns quantos pimentos assados, queijos frescos, o pão, a broa. Os vinhos lá foram chegando. Brancos e tintos das terras de Sicó e filhos de vários pais - uns bons outros melhores. E eis que ... os chícharos - os primeiros, aparecem a nado numa terrina de sopa onde pontuam bacalhau e batatas - deliciosa. Eis que chega outro contingente. Desta vez envolvidos em couves, saltedaos, em forma de migas (ou magusto). Depois a chicharada, o cabrito, o leitão, os grelhados, o bacalhau. Tudo acompanhado do omnipresente chícharo. E para gaúdio da populaça as ditas gramíneas ainda vieram em forma de doces - bolo e pudim. Tudo excelente e arrebatador. Depois a visita ao interessante Museu Municipal, e, por fim, uma ida ao Mercado onde os produtos regionais - nozes, figos, avelãs, amêndoas, tomates, batatas, mel, vinho, licores, etc, aliviaram a carteira a alguns.
Dos caminhos desta terra para os caminhos do mundo, nas suas mais diversas formas e aspectos... SEMPRE POR MAUS CAMINHOS. Talvez um dia destes num mau caminho perto de si!











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1 Comments:

Blogger tigusto said...

Olha um Cabeça de Giz!

segunda-feira, outubro 10, 2011 11:04:00 da tarde  

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