March 20 - Hoje ninguém me veio visitar ...
Se continuo a andar? Sim, continuo. Hoje fui dar um passeio no meu jardim.
Saí do quarto, atravessei o corredor, entrei na cozinha, atravessei de novo o corredor e entrando na sala avistei o meu jardim. Reflecti, e decidi, hoje vou andar por aqui.
Assim desloquei-me entre as petunias e os amores-perfeitos, num vai-vem incessante. Cruzei-me com o pinheiro solitário, revisitei as duas oliveiras. Junto à figueira parei observando o despontar das primeiras folhas. A romanzeira ainda ostenta um fruto formoso. Os carvalhos já fazem alguma sombra. Mas a árvore que mais admiro é uma azinheira que me lembra a planície alentejana. O pessegueiro parece querer dar frutos de novo tal o ímpeto dos seus botões.
Perdi certamente muitas horas nesta caminhada. Ou terei ganho muitas, quem sabe!
As viagens interiores, limitadas pelo nosso pequeno mundo, revelam detalhes que nos grandes percursos nos passam despercebidos. Quantas vezes passei ao lado de um pé de poejo na beira de um regato? Aqui perdi minutos observando com detalhe os rebentos olorosos, de um verde intenso. Remirei as folhas recortadas da salsa. Inalei o aroma de uma folha de hortelã. Enfim perdi-me nas formas e nos aromas do meu jardim.
Mas, hoje ninguém me veio visitar
Apenas o azul do céu e o do mar
Apenas os raios intensos do sol
Vieram me acariciar
Não fosse a companhia
De três gaivotas solitárias
Uma toutinegra
Meia dúzia de papagaios
Quatro estorninhos endiabrados
Uma milheirinha
Alguns corvos marinhos
Três ou quatro rolas
Duas andorinhas
E por fim, uma garça real ...
O tempo teria transcorrido
Como se tempo não houvesse
E nada mais além da minha caminhada
No meu pequeno bosque encantado
Preencher o meu vazio pudesse
Porque ninguém me veio visitar
Excepto o azul do céu e o do mar
E os raios intensos do sol
Que se foram ... sem me acariciar
March, 20
Saí do quarto, atravessei o corredor, entrei na cozinha, atravessei de novo o corredor e entrando na sala avistei o meu jardim. Reflecti, e decidi, hoje vou andar por aqui.
Assim desloquei-me entre as petunias e os amores-perfeitos, num vai-vem incessante. Cruzei-me com o pinheiro solitário, revisitei as duas oliveiras. Junto à figueira parei observando o despontar das primeiras folhas. A romanzeira ainda ostenta um fruto formoso. Os carvalhos já fazem alguma sombra. Mas a árvore que mais admiro é uma azinheira que me lembra a planície alentejana. O pessegueiro parece querer dar frutos de novo tal o ímpeto dos seus botões.
Perdi certamente muitas horas nesta caminhada. Ou terei ganho muitas, quem sabe!
As viagens interiores, limitadas pelo nosso pequeno mundo, revelam detalhes que nos grandes percursos nos passam despercebidos. Quantas vezes passei ao lado de um pé de poejo na beira de um regato? Aqui perdi minutos observando com detalhe os rebentos olorosos, de um verde intenso. Remirei as folhas recortadas da salsa. Inalei o aroma de uma folha de hortelã. Enfim perdi-me nas formas e nos aromas do meu jardim.
Mas, hoje ninguém me veio visitar
Apenas o azul do céu e o do mar
Apenas os raios intensos do sol
Vieram me acariciar
Não fosse a companhia
De três gaivotas solitárias
Uma toutinegra
Meia dúzia de papagaios
Quatro estorninhos endiabrados
Uma milheirinha
Alguns corvos marinhos
Três ou quatro rolas
Duas andorinhas
E por fim, uma garça real ...
O tempo teria transcorrido
Como se tempo não houvesse
E nada mais além da minha caminhada
No meu pequeno bosque encantado
Preencher o meu vazio pudesse
Porque ninguém me veio visitar
Excepto o azul do céu e o do mar
E os raios intensos do sol
Que se foram ... sem me acariciar
March, 20
6 Comments:
Espectacular! Orgulho em ser tua filha! ;)
Ass:
A filha (mais nova).
Que texto maravilhoso! PARABÉNS.
Parece-me uma escrita no feminino, com muita sensibilidade, aquilo que as mulheres sentem muito mais, acertei?
Parece-me uma escrita no feminino, com muita sensibilidade, aquilo que as mulheres sentem muito mais, acertei?
hoje estive a ler o teu texto e passeie contigo pelo teu jardim, com a beleza das tuas palavras e as emoções que provocam.
foi muito bonito
Ó moço és um perfeito poeta, mesmo sendo fadista as mais das vezes entre as gentes. É a sensibilidade feminina que te salva, homem, senão ficavas-te pelo caminho!
À volta (e à ida) te esperamos. Marbom
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