segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dia 5 de Dezembro 2010- Por terras do Chão do Galego - Proença-A-Nova

Aproveito para convidar todos os que nos lêem a visitar estes sítios e conhecer as suas lendas.
Depois de uma noite bem dormida e um pequeno almoço bem recheado, apesar da atrapalhação da única empregada para atender a 50 marmanjos, na Pousada das Amoras, lá seguimos a caminho do Chão do Galego.
A chuva teimava em cair incessantemente, mas a recompensa por ver as ribeiras prenhes de águas compensava fartamente este escriba. Curvas e mais curvas - não esquecer que circulamos na zona do pinhal  - , atravessamos a Sobreira Formosa, e lá nos perdemos. Chegados quase a Monte Gordo, a caminho de Castelo Branco, houve que inverter a marcha. Só que na volta já a corrente da ribeira acariciava o tabuleiro da ponte. Por fim demos com o lugar e logo ficámos surpreendidos com o coro de jovens que nos esperavam na improvisada sede da Associação. Mas funciona! Dali até ao lagar foi um passinho...de autocarro.
Agora sim, abrigados sob o chapéu zincado que dá acesso ao lagar, acotevelando-nos, lá seguimos atentamente as explicações do lagareiro: - Aqui entra a azeitona ensacada, depois é limpa pela máquina X, lavada pela y, e esmagada de forma tradicional, por três grandes rodas de granito.
O chão escorregadio lembra que esta coisa de espremer a azeitona, embora seja trabalho bem oleado, não é pera doce. O frio, a chuva, o calor intenso da fornalha e as máquinas que ditam o ritmo da labuta atrapalham o mais experiente.
Descemos como podemos para o lagar, e entre a algazarra da multidão, o matraquear da trituradora, e a tentativa de não perder o equilíbrio, mergulhamos o olhar e as narinas nos depósitos do precioso líquido. Dali para a almotolia foi um segundo. Depois, detrás de mais uma porta, abria-se o paraíso... Em travessas cobertas de fatias de pão, acabadinho de torrar na fornalha do lagar, as simpáticas jovens da Associação entornavam a preceito o líquido dourado e espesso - O Azeite dos nossos antepassados árabes. Certamente é assim que ele mais impressiona o forasteiro, embora já não lhe guie os passos - as lamparinas são coisa de outrora.
Apesar da chuva convidamos todos os participantes a regressar a pé. Mais de uma vintena aceita, quase voluntariamente. Mas havia que abrir o apetite.
As jovens fazem as honras da casa e explicam-nos, minuciosamente, os quês e porquês, deste exôtico lugar.
A capela de obras recentes e emoldurada com uma cruz alegórica de efeito belo, obra de um artista local, a mina - sim, a mina de água, onde se abastecia a aldeia antes da era pós 25 de Abril -, os recobecos entre as casas mais antigas, com os palheiros lá no alto, a antiga escola - futura sede da Associação, o caminho da fonte - onde naturalmente se terão perdido muitos cântaros.
Arribamos à sede do clube a tilintar de frio. Mas esta gente amiga logo providencia aconchego. Não falo dos aquecedores, mas dos vinhos, dos queijos, dos enchidos, dos grelhados e das indescritíveis, para muitos desconhecidas, saladas de almeirão - os chefs ainda têm muito para descobrir nestas terras!
E no fim, suprema glória, além das filhós e azevias, aquele precioso líquido, de vermelhos frutos extraído, a aguardente de medronho. Quentinhos, talvez um pouco demais, e bem alegres, deixamos este sítio maravilhoso, de gentes hospitaleiras e amáveis com a promessa de voltar - até porque não visitámos a Buraca da Moura, nem vimos as tropas de Napoleão, lá na Serra das Talhadas.
Que sabe se ao lerem este pasquim se lebrem de nos convidar para a festa das cerejas?

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1 Comments:

Blogger Santareias said...

Agora atrevam-se a colocar aqui umas fotos s.f. f.

segunda-feira, janeiro 24, 2011 9:05:00 da tarde  

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