segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Por caminhos de frio e água... 4 e 5 de Dezembro Portas de Ródão

Mais uma vez partimos numa "camineta" ronceira. À beira das portas ninguém nos esperava.
O frio gélido cortava  a superfície da grande baía de Vila Velha de Ródão, com as Portas lá ao fundo.
Porque saíram todos do autocarro? Talvez pela mesma razão que levou o frango a atravessar a estrada.
O local era encantador, mas apenas os movimentos acrobáticos dos andorinhões tornam o local interessante num dia tão abrumador.
Por fim lá vão chegando os nossos anfitriões. Os de a pé  e os do barco.
Fazemo-nos ao Mar. Arrepiados, encolhidos, tristes como o dia triste e cinzento de uma manhã de Dezembro.
Cruzamos as Portas e vamos mais além. Entramos nas enseadas. Avistamos as Garças Cinzentas. Entusiasmamo-nos com os frágeis barcos de pesca destes "avieiros" de Ródão.
Antes das barragens as águas lançavam-se das portas a grande velocidade numa queda de cinquenta metros.
Também avistamos os ninhos dos grifos e talvez um outro de cegonha preta - agora ausente.
Chegamos à outra margem angustiados com tanta incomodidade. Atracamos e fazemo-nos ao caminho.
É vê-los a correr, a saltar. Entramos no olival onde centenas, milhares, milhões de calhaus rolados, toscamente amontoados, atestam a presença dos Romanos na pesquisa de metais, entre eles o ouro. Trata-se das Conheiras, tão abundantes na cuenca do Tejo.
Seguimos em passo acelerado até ao Arneiro, onde se comem boas sopas e bom peixe do rio frito no Túlio.
O passeio é de ida e volta. Mas ninguém se apressa em voltar. Abrigados, consolados pela ginginha, o favaios, o moscatel, a aguardente, recostamo-nos nas sinuosas cadeiras, aguardando melhores momentos para partir.
Mas o barco espera-nos, e com ele o prometido almoço azeitado. Mais uns quilómetros a correr, a saltar e entramos na embarcação a todo o vapor. A todo a vapor, nós, não a embarcação, que agora subindo o rio, aproando contra o vento, navega lentamente, para as nossas necessidades.
O mais curioso deste local é revelado pelas inúmeras bóias colocadas estrategicamente ao longo do rio.Trata-se da sinalização das armadilhas para a pesca do lagostim de água doce. Aqui se pesca em grande quantidade este marisco tão apreciado pelos "nuestros hermanos". O arroz dos ditos fica para a próxima.
De autocarro passamos ao lado dos queijos Lourenço - excelentes.
Chegamos ao Complexo Turístico, sabiamente explorado pela Incentivos Outdoor. Tem alojamento e não faltam actividades, mesmo em pleno verão! Hoje viemos aqui para uma outra actividade - a gula.
A entrada promete. O espaço é amplo e agradável. Uma enorme sala bem composta aguarda os comensais. No bar uma lareira crepita, enchendo de alegria - e calor -, as nossas almas penadas.
O repasto foi excelente. O bacalhau com broa cumpriu.
Daqui até ao lagar biológico da Tapada da Tojeira foi um passinho ... de autocarro. A visita e a explicação de todo o processo foi concludente e todos tiveram presente - uma garrafinha de azeite biológico. Que mais querem?
A caminho de Proença-a- Nova, alguns dormitam, um ou outro gurgitava. O almoço foi celebrado com pompa e circunstância, pois não faltou o Bolo de Aniversário e o vinho espumoso... da Murganheira!
A pousada das Amoras espanta-nos. É bonita, sim senhor! Apenas a ameaça de chuva e o céu cinzento sob o astro mudo... Sim eles parecem Vampiros! Nem dá tempo para muitos banhos, pois a jantarada já nos espera. É assim este grupo de caminheiros ... E o lema é? "Duas horas a andar e quatro a comer".
Mas atenção, aqui venera-se a gastronomia,! E não sem razão aparente. Cesse tudo o que a musa antiga  canta, que outro valor mais alto se levanta...
Então não é que neste cantinho recôndito, em Proença-a-Velha, chamado O Gostinho da Aurora - e que gostinho! - servem comida tradicional, do melhor. Sopa de Feijão c/ couve, maranhos com autêntica tripa de cabrito, recheados de arroz, presunto e outras carnes de cuto, saladas de almeirão com feijão e de almeirão simples, bochechas de porco assadas no forno - divinas -. Oh D.Aurora, havemos de voltar... mas com mais apetite.
Quem me ler até ao fim, vai perguntar: - Então e a caminhada? Da caminhada disse nada por não saber ler, nem escrever e andar esquecido das andaduras.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bem. E onde é que estão os comprovativos desta animação. è que só com testemunhos... não vamos lá.

segunda-feira, dezembro 20, 2010 8:41:00 da tarde  
Blogger Cristina Fernandes said...

Andei a espreitar estes "maus caminhos" e gostei do que li e vi... abraço, Zé.
(tenho que voltar com mais tempo aqui)

quinta-feira, janeiro 13, 2011 7:48:00 da tarde  

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