quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Azores - Ilha das Flores Day 1 Ventos, chuvas e chinelos

VER MAIS FOTOS Muito impressionante a aterragem. Rasando a arriba, todo torcido, o aeroplano entrou em perfeita oblíqua em direcção à pista. Mas lá aterrou. O pior veio depois. As malinhas foram-se. Nem uma para a amostra. Reclamações e duas horas depois - éramos 14 - todos a comprar chinesices. Aqui na ilha já são dois - bendita concorrência!
Só se aproveitou o almocinho. O meu na SEREIA - caldeirada de congro.. Dos outros não reza a história.
Depois lá fomos, apreensivos, desconfiados, até à Fazenda de Santa Cruz, para mais uma caminhada de 9 km, sacudidos pela ventania, sob a ameaça de chuva e ... de chinelos.
Numa curva da estrada, entre muros e ervas altas esconde-se a levada da central do Pisão. Ao longo da levada saltando troncos, afastando Cana Roca (uma invasora!), pendurados no muro, observando as plantações de laranja, araçá, tamarino, e no fundo da ribeira, de inhame, chegamos à ribeira, quase intransponível. Improvisando atravessámos o caudal e chegámos à barragem. Aqui, entre nuvens baixas e grandes cúmulos e nimbos de tons ameaçadores, deslumbrá-mo-nos com a paisagem. Não vimos o Pico da Sé, mas para lá caminhámos. Logo a seguir fomos dar de comer aos patos, galinhas, aves raras, cabras e "bambis, que povoam o parque Florestal. Ainda vimos saltar as trutas. Agora só nos resta subir e subir por caminho desconhecido. Até ás últimas casas a tarefa revelou-se fácil - iam enganados mas deslumbrados. Mas a chuva já bem presente, o medo do desconhecido e a pouca confiança no guia, e os incontornáveis chinelos, resultaram na revolta da "Bounty" - perdoem-me a comparação, mas com tanta água ... Então dividiu-se o grupo nos UNOS e nos Outros. Uns que de táxi - não havia rede, uns que pela estrada - via-se a Igreja lá ao fundo, outros que desistir nem pensar - seria apenas eu? Assim sendo, votamos democraticamente mas que decidiu fui eu e ... seguimos debaixo da tormenta.
Nas Flores tanto chove como faz sol. O tempo altera-se continuamente, e essa é mais uma das suas atracções.
Pela estrada de bagacina - pedaços de lava da cor do bagaço de vinho -,continuámos, tentando perceber o caminho a seguir à esquerda. Por fim, entre arbustos, desenha-se a "canada". Uma rampa muito inclinada e escorregadia e logo aqueles malditos chinelos. Armados de varapaus improvisados, e após umas quantas quedas chegamos à ribeira - lugar idílico, mas... de preferência com sol, disseram os nostálgicos do ALLgarve - que galgámos em dois ou três saltos. A água iria perseguir-nos por toda a ilha, não esta da chuva, mas aquela que brota por todo o  lado - a Ilha das Flores, é verde, flores e água.
As canadas são geralmente centenárias e asseguravam a ligação entre os povoados. Algumas remontam a Seiscentos e ainda se apresentavam bem calcetadas. Outras foram invadidas pela Cana Roca, e estão impraticaveis. Só nos anos cinquenta, do século vinte se construíram as novas vias de comunicação.
Subindo sempre por empedrados regorgitantes de água, apoiados nos varapaus e calçando modestas chinelas, foram chegando os caminheiros a uma clareira, onde as nuvens os presentearam com mais uma descarga inaudita. Já armados em pintos chegámos ao alto, rodeados de hortênsias ainda em flor e vacas rabugentas apascentando nas ladeiras. Com Santa Cruz à vista, ainda temos tempo para charlar com os simpáticos florentinos que deslocam uma sala de ordenha ambulante - aqui a ordenha vai à vaca.Casas e casinhas depois, rodeados de vistas impressionantes de azuis diversos e com o Corvo lá ao longe arribamos ao Boqueirão. Estava quase completo o 1.º dia de aventuras florentinas. Ainda houve tempo para um mergulho nas piscinas naturais - o sol sempre apareceu -, e os chineleiros foram desencantar melhor calçado nas escassas lojas da vila.























1 Comments:

Blogger tigusto said...

Malditos chinelos! (seriam de pé-descalso?!!)
Benditas Flores!

sexta-feira, setembro 17, 2010 9:00:00 da manhã  

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