quinta-feira, 20 de maio de 2010

Etapa 6 – Via Romana - Calzada de los peregrinos Calzadilla de los Hermanillos – Mansilla de las Mulas

Como a opção do Real Caminho Francês se  tinha mostrado decepcionanteno dia anterior, decidimos reiniciar o caminho em Calzadilla de los Hermanillos.
O que nos esperava resultaria na etapa mais dura até ao momento. Vinte e três quilómetros de deserto, primeiro por estrada alcatroada, logo ao longo do caminho de ferro, depois ao lado dos enormes canais de rega. Felizmente o tempo estava ameno, embora ameaçando chuva a todo o momento.
A calzada reputada de romana, referida como via Trajana, mostra-se atapetada de calhaus rolados, já disformes, pelo que os peregrinos vagueiam de um lado ao outro da via, invadindo os campos de cultivo procurando solo mais suave e direito.
As povoações ficam a quilómetros de distância - Burgo Ranero, por exemplo, e ninguém se atreve a palmilhar esta via. Apenas nos cruzámos com três ou quatro ciclistas, vindos não sabemos donde.
Imensos campos semeados ou em fase de tratamento para o cultivo da beterraba.  No finasl algumas vinhas. E imensos canais de rega, que nos últimos cinco quilómetros nos acompanham, ladeando o caminho. Corvos, águias e pouco mais.
Já próximo do fim topamos com operários apostados em vedar um monte de pedras e depois mais outra vedação envolvendo mais um espaço enigmático. Com a construção do grande canal e a tentativa de eliminar esta opção do caminho, estão apostados em criar áreas de lazer, tentando persevar o pouco que resta da via Trajana.
Numa mesa providencial, construída com pés de granito e com uma laje de xisto como tampo, repartimos os parcos alimentos que ainda nos restam. A água também se esvai. O presídio, lá ao longe, coberto de nuvens negras anuncia-nos que estamos chegando à civilização. Mais quatro quilómetros e começamos a entrar em Mansilla das Mulas. Um hotel de meninas anuncia um farto menu por nove euros – mas não caímos na tentação, embora a fome fosse muita. Entramos por uma das portas, ainda intacta, das muralhas que rodeiam o burgo – Puerta de La Concepcion, e a poucos metros encontramos a nossa Albergaria.
Mansilla está cheia de passado e em tempos ainda recentes  era um entreposto muito importante no acesso a Leon, pois guarda a passagem sobre o rio Esla que nasce nos Picos da Europa. As  ruas mostram-se muito cuidadas, alguns troços da muralha do séc. XII ainda são visíveis, e nas suas duas praças as casas com arcadas rodeiam amplos largos. A Igreja de San Martin, do séc. XIII, também é uma jóia arquitectónica, com vestígios da arte mudéjar.
Após o almoço tardio descansamos neste remanso de paz. Não se vê vivalma. O frio é intenso. Os peregrinos, ás dezenas, que escolheram o caminho Real ao longo da estrada nacional estão recolhidos nos seus Albergues. A partir das 7h00 da tarde saiem dos seus covis e ocupam todos os recantos onde servem menus por 8 a 10 euros. É o repasto dos vencidos do caminho.

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