quinta-feira, 27 de maio de 2010

Caminho Santiago Etapa 9 - Villavante - Astorga

Depois da decepção que foi o percurso do dia anterior, sempre ao lado da estrada nacional, decidimos optar pela via alternativa a partir de Villavente.
Aqui nos trajo el destino
Andando por el camino
Donde en un viejo molino
Da abrigo al pelegrino
E aí começámos, cruzando um canal de cheia que irriga as terras muito férteis do Páramo leonés.Logo um caminho de terra mal empedrado leva-nos em direcção a Hospital de Órbigo. Além das povoações que cruzamos com nomes como camino ou real, também as que ostentam na sua designação Hospital se identificam plenamente com o caminho e nele tiveram origem.
Os Hospitais de peregrinos, que hoje ainda se vêm por muitos sítios, davam guarida aos romeiros que cruzavam o caminho - aqui lhes davam abrigo, comida, tratamento e apoio.
Site curioso e com muita informação sobre a história do caminho.
A imponente ponte medieval, originariamente romana, convida-nos a entrar em Hospital de Órbigo. Um bando de andorinhas sobrevoa a ponte como que a saudar-nos. Circulamos pela rua principal donde partem pequenas ruelas. Passamos em vários albergues, visitamos a Igreja onde encontro um S. Marcos e um Santo António tal como na minha aldeia, passamos no albergue de Karl Leisner onde conhecemos um hospitaleiro português.
Depois optamos pela via alternativa, à saída da cidade, para nos distanciarmos definitivamente da famigerada estrada. Paisagísticamente a escolha é acertada, mas o percurso vai custar-nos um esforço adicional, pois tem muitas subidas e descidas.Depois de passarmos por duas aldeias interessantes subimos por um carreiro enlameado, que cruza por campos de cultivo verdes, onde abundam as aves, que amenizam a nossa progressão.
Parece que por fim a paisagem começa a mudar. Subimos por uma encosta suave ladeada de vinhas, depois campos de cereais e mais além um bosque de carvalhos e azinheiras. Começa a chover, mas pouco. Um grupo abriga-se sob as árvores e improvisa o seu piquenique - qual déjeuner sur l´herbe (resulta que o grupo era oriundo de frança, mas não conhecia o Monet).
Mais um sobe e desce e parece que em dezoito quilómetros os locais de apoio seriam iguais a zero. Nisto aparece um abarracamento onde um espanhol empreendedor monta um escaparate, bem provido de café, chá, fruta e até uma tarte quente acabadinha de preparar. E tudo isto à borla, quer dizer - deixa o que quiseres. Ainda temos tempo para confraternizar com alguns irmãos brasileiros e trautear " O Rio de Janeiro continua lindo ..." e a famigerada versão do chico " Foi bonita a festa pá...". Seguimos caminho com os picos nevados à vista - que iríamos atravessar nos próximos dias, e já a adivinhar as torres da Catedral de Astorga. Mas o caminho é longo e ainda vamos levar cerca de 1h30. Circulamos agora pela estrada, atravessamos uma ponte sobre o rio Tuerto, cruzamos a linha por um viaduto que para alcançar altura nos demora quase 10 minutos. Subimos e subimos até entrarmos em Astorga - a Asturica Augusta dos romanos.Deambulamos pelas ruelas e praças e abancamos para mais uma garvanzada. salvou-se o churrasco.
Estamos em plena Maragatería, onde a origem das gentes se perde nos tempos e as suas tradições impressionam quem por aqui passa. O "cocido maragato" está por todas as partes, e claro, nele não falta o grão.
Visitamos a catedral gótica, e ala que se faz tarde, vamos de volta para o Molino do Galochas.

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