Alqueva e o ciclone - 27 Fevereiro

Como diz o ditado "De Espanha nem bom vento, nem bom casamento!", embora o vento soprasse de Sudoeste, e prometesse o maior ciclone deste século.

Mas desta vez enganaram-se, nem mau casamento, nem péssimo vento, nem borrasca que se visse.

Altas horas da madrugada de Sexta-feira continuava a receber mensagens alarmistas sobre o temporal e o ciclone iminentes. Mas apesar de 11 desistências e umas quantas substituições, lá fomos às 7 de madrugada 85 bravos a caminho de Alqueva.

A viagem revelou-se ventosa e chuvosa, mas nada de preocupante. Menos sorte tiveram os companheiros do Autocarro 2, que, assustados com o temporal, encostaram em Setúbal. Mas apenas por uma horita.

Viagem directa a Alqueva e após um café reconfortante, o imponente Grande Lago, ali estava aos nossos pés. Havia que aproveitar esta oportunidade única de ver a albufeira que nunca iria encher, a deitar por fora.

Com as descargas de fundo em plena actividade o Rio Guadiana voltou a ter cheias mais a Sul.

Muitas fotos depois e com um ou outro raio de Sol a banhar a cidade de Moura lá ao fundo, partimos para mais uma sessão de Sempre por Maus Caminhos.

Aldeia linda, branca, viva, Alqueva recebeu-nos para iniciarmos o nosso percurso. Junto à igreja abrigados pela parede mais soalheira, meia dúzia de homens discutiam o tempo, a barragem, o gado, e claro este Inverno: - Pois nunca tinha visto um inverno assim e já tenho mais de 70 anos.

Deixámos aqueles séniores a dissertar sobre o quotidiano e encetámos 14 km de prazer, vento - rajadas dele, lama, e paisagens lindas.

Descemos á ribeira de Codes, agora um imenso braço do Grande Lago, passámos a Herdade da Malanda - murada e cheia de avisos. Proibido apanhar cogumelos, certo!, espargos - nunca tinha visto, e qualquer produto vegetal que cresça nesta herdade. Enfim! E eu que estava a pensar recolher uns lenhos para me aquecer.

Deparámos com uma barreira fechada na estrada - pois é, aqui vedam-se os caminhos como outrora, não vamos nós levar as azinheiras! Centenas de cabeças de gado bovino apascentavam placidamente, um tractor, dois homens e três cães. Não fosse a lebre assustada que saltou na curva do caminho, provavelmente acossada pelos cães e a calmaria alentejana seria perfeita.

Vamos contornando a barragem, subindo e descendo pequenas colinas de montado. A água corre, ou melhor, escorre por todos os cantos. Deparamos com um riacho alimentado pelo lameiro onde recolhem o gado, e uns molham os pés, outros arregaçam as calças, outros improvisam "poldras", mas no fim saímos todos encharcados e enlameados.

Um monte em ruínas sobre uma colina sobranceira à albufeira, atesta o abandono a que estamos votados. Mais um monte alentejano, mas este reboçando vida, mais não fosse pelo casalinho, que à porta da casa, consumava os seus amores.

Mais lama, muita lama, à direita o imenso lençol de água, à esquerda campos de trigo semeados e inundados e sempre o vento a fustigar-nos o rosto.

À nossa frente, ligeiramente à nossa direita, avistamos a marina do Alqueva, com a sua dúzia de barcos casa e, de imediato, projectamos vir aqui um dia navegar e navegar.

São quase as duas da tarde e já lá vão três horas de caminho. A chuva começa a cair, ameaçadora. Mas é de pouca dura e já estamos à vista da praça de touros da Amieira, onde nos espera um lauto almoço no restaurante o Aficionado.

E os que tiveram que enfrentar o contratempo da avaria da camioneta não puderam acompanhar os companheiros que partiram de Alqueva em direcção à Amieira.

Assim sendo dirigiram-se à parede que sustenta o Grande Lago e daí foram então até ao destino Amieira onde ainda houve tempo para dar uma voltinha a pé até ao Cais Novo ( não confundir com a Marina da Amieira). Só para abrir o apetite.

Amieira

Cais Novo

Piscicultura?!!

Parque!

Oliveira aquática.

Portel