Arouca 2 - Serra da Freita

Frecha da Mizarela, nascentes do Caima, Perda Boroa, Pedras Parideiras ...

Desde o parque do Merujal iniciámos mais uns caminhos, acossados pelo vento gelado, que incessantemente nos fustiga o rosto.

Lá ao longe avistamos Albergaria da Serra, que já foi das Cabras, e ladeando alguns lameiros chegamos à Mizarela.

Impressiona o frio que se faz sentir mas graças a ele começamos a descobrir formas geladas muito curiosas que povoam todas as encostas.

Desde o miradouro da Mizarela observamos as famosas quedas de água da Frecha da Mizarela, mas desejosos de ver de mais perto o impressionante caudal, iniciamos a descida por um carreiro de "cabras", entre carvalhos, agora despidos de folhagem.

Depois de mil fotografias curiosas voltamos a subir o monte íngreme, agora a corta-mato, pois dizem-nos que o caminho sofreu derrocadas e encontra-se intransitáve.

Não fossem os nosso simpáticos guias da Fuga e Evasão, e lá tínhamos embarcado em mais uma louca aventura - sempre por maus caminho.

Assim voltamos à Mizarela e aquecemos o corpo com a aguardente com mel, típica das terras altas e frias.

Por entre as casas iniciamos um percurso pelas margens do Rio Caima até à pedra Boroa.

Um casal espera ansioso e gelado, encostado a um pequeno muro, a abertura da Igreja, para a missa de Domingo.

Ao longo do rio começam a suceder-se curiosas formas cristalinas que têm origem na água subitamente gelada que escorre por todo o lado.

Alguns moinhos de água abandonados e pastagens a perder de vista, nanhadas por imensas linhas de água que mais á frente convergem no rio Caima.

As rochas geladas revelam-se perigosas e provocam uma ou outra queda aos menos atentos.

Chegamos à pedra Boroa, formação geológica que aqui traz centenas de curiosos. GEOPARQUE

De facto também foi isso que nos trouxe aqui - o recente criado geoparque de Arouca, que inclui numerosos geosítios, alguns únicos no mundo.

Por caminho empedrado alcançamos o autocarro, que nos leva ainda a uma visita rápida às pedras parideiras - outra fenómeno geológico do Geopark. Mais sobre os geosítios.

Como ando atento não podia deixar passar em claro a excelente ideia que as forças vivas de Arouca manifestaram no sentido de aproveitarem as referências a estas formações geológicas para lançar produtos regionais.

Algo esfomeados e friorentos abrigamo-nos no restaurante do parque de campismo do Merujal, onde, além das nossas merendas, nos servem uma sopa da Pedra "Boroa" e outros acepipes regionais.

Reconfortados vamos em direcção a Canelas onde nos espera uma visita ao Museu e Centro de Interpretação Geológico com mais um fenómeno geológico, raro no mundo, e que aqui ocorre com certa frequência - as Trilobites fossilizadas. E também iconofósseis de outros "bichos".

Para finalizar o dia fomos visitar o museu municipal instalado no antigo mercado.

Interessante no que se refere ao espólio apresentado sob a temática etnográfica, mas lamentavelmente paupérrimo no que a achados arqueológicos e geológicos respeita.

Ainda é tempo de se precatarem de que a maior riqueza destes lugares, além das gentes, é claro, são os locais arqueológicos e os geosítios - estes únicos no país e no mundo.