terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Arouca 1- Maciço da Gralheira

Serra da Arada - Regoufe - Drave

Muitas horas de estrada, após uma noite madrugadora eis-nos chegados ao mosteiro de Arouca.
Visita acompanhada de um frio extremo, atravessando corredores escuros e húmidos, mas a visita ao espólio desde Santa Mafalda valeu a pena.
Depois por caminhos ínvios onde não cabe um alfinete e muito menos um autocarro, atravessamos uma pequena ponte sobre o rio Paivô, e lá chegamos a Regoufe.
A merenda foi rápida e apenas recordo 60 bravos encavalitados nos afloramentos graníticos que envolvem as pedreiras e escondem a aldeia.
Café! nem vê-lo, pois a taberneira, pastora nas horas vagas - ou será o inverso, não acertou o relógio pela nossa vinda.
Atravessámos o que resta das construções onde outrora se lavava o minério - tugsténio, separando-o das escórias. Teve o seu auge durante a segunda grande guerra, quando o volfrâmio atingia o preço de metal precioso, e afundou-se pelos idos anos sessenta do século passado.
Daqui, do alto do pedestal que a escrita me concede, invoco os Deuses na pessoa dos autarcas de Arouca para lançarem um pequeno, pequeníssimo, projecto neste local e criem um Centro de Interpretação da Memória da Exploração Mineira.
Continuando a descer deparamo-nos com duas ou três casas, que logo se transformam em dezenas, penduradas sobre as terras férteis do vale. A pastorícia é a principal actividade da aldeia e entre as casas sucedem-se os bardos cheios de cabritinhos saltitões quem em acrobacias variadas despertam a curiosidade dos nossos fotógrafos. Também algumas lojas no piso inferior desta casas de pedra denunciam a iminente chegada dos famosos bois arouqueses.
Chegados ao rio, saltamos de poldra em poldra e atingimos uma ladeira íngreme onde ainda se podem ver os castanheiros que atestam os soutos de outrora - não fosse a chegada da batata com o descubrimento das "Américas", ainda hoje povoariam toda a encosta. Mas os incêndios, a pastorícia e a ânsia de lucros imediatos corporizada nas imensas plantações de eucaliptos que por estas terras se vêm, deixam-nos apenas adivinhar os soutos de outrora.
Por caminho pedregoso, de xistos soltos, chegamos ao alto, de onde se avistam curvas e cumes de colinas a perder de vista.
Alguns, supostamente cansados de horas e horas de autocarro e adrenalina a mais, querem desistir. Mas Drave espera-nos.
Subindo, e descendo de novo o grupo mantém-se coeso até avistar a garganta que encerra o paraíso - Drave. Aqui muitos desistem e começam a voltar para trás, evitando o anoitecer, ou seria a distância? Certamente o caminho empedrado de grandes lajes, onde se podem apreciar as marcas deixadas pelo rodado dos carros de bois, os terá impressionado.
Pela encosta, ladeando a ribeira de Palhais, lá em baixo, vamos avançando entre oliveiras há muito abandonadas.
Numa curva do caminho e junto a umas ruínas à nossa esquerda deparamo-nos com a aldeia de Drave, território dos Martins, que ainda pelos anos 40 aqui reuniam centenas de famuiliares.
Muitas casa em ruínas, um solar rural, uma capela e um grupo de escuteiros que aqui tem o seu acampamento e teima em reconstruir este espaço.
Deixamos a aldeia de casas de xisto, com a promessa de numa próxima visita chegarmos de aqui até à aldeia da pena, no outro lado da Serra da Arada.
Na volta os raios solares difusos nesta tarde de Fevereiro, fria, muito fria, anunciam um por do sol único sobre os cumes das montanhas.

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