sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Aquilino ou nem por issso ...

Aquilino ou nem por issso ...
15 Km de rota esperavam-nos ás portas da Igreja, onde uma missa intemporal, aconchegava as almas de uns quantos fregueses.
Ah! a Casa de Romarigães, tanta escrita sem substancia que ajuda a sonhar os tempos de Aquilino. Somos portugueses, somos muito teimosos, somos muito invejosos de que outros façam aquilo que nós gostaríamos de ter feito!
Pois é a casa está nas lonas. Sim, já sei que faltam uns dinheiros, umas vontades.
Também as quintas e paços que se cruzam no nosso caminho apresentam as terras ao abandonado, mas as suas paredes de perda apresentam-se exuberantes e orgulhosas do seu passado.
Subimos por caminho empedrado, atravessamos a nacional e passadas umas quantas casas, um potente camião TIR indica-nos, pela leitura das suas faixas amarelas e vermelhas de veículo longo, o trilho a seguir.
Os pinheiros cobrem o espaço envolvente e rapidamente desembocamos nos Moinhos, que, apesar da escassez pluviométrica, continuam a ser alimentados por fio de água. Aqui acabamos por confundir-nos pois era suposto visitar estes espaços no final.
Por um percurso de calçada ladeada de muros de pedra que nos separam dos terrenos de cultivo rodeados de latadas prenhes de frutos avistamos um cruzeiro que nos indica o bom caminho. Aqui o percurso é coincidente com os caminhos de Santiago e a base do dito cruzeiro está repleta de pedrinhas, representando cada uma, quem sabe, um pedido, um desejo, enfim. Nós, caminheiros de outras paragens, sabemos que nas montanhas tais montículos de pedras servem para nos ajudar a não perder o bom caminho.
Subimos e voltamos a embrenhar-nos no pinhal. Aqui e ali pequenos conjuntos de construções. Eis um que nos impressiona, tal a quantidade de gente placidamente buliciosa que desliza entre os pinheiros, as tendas e os edifícios. Ao longe ouve-se um som rouco, profundamente rouco, que poucos metros depois nos descobre um imenso trombone. O pequeno buda aguça-nos a curiosidade.
- Charlando com três personagens que cruzam o portão, ficámos a saber que se trata de um encontro sobre praticas de meditação e exercício espiritual, que agrupa gentes vidas dos quatro cantos da península. - Sim senhor rico sítio, este.
Vamos baixando até ao pequeno vale e num cruzamento de caminhos hesitamos. Já algo cansados, dez quilómetros volvidos, optamos por continuar a subir e acertamos: - Aqui está o gasoduto.
Sempre pelo meio dos pinhais voltamos a perder as marcas amarelas e vermelhas, e, se não fosse a proximidade da estrada, por lá estaríamos vagueando.
O monte mostra-se despido de árvores, talvez tenham sido engolidas pelo fogo, pensamos. Já no cume e com o nosso objectivo à vista, mas lá muito longe, parece-nos ter mais uma hora de caminho pela frente. Efectivamente, voltamos a perder-nos, e , não fosse o GPS, ficaríamos perdidos entre giestas, fetos, urzes e pinheiros.
Milagre, reencontramos os bons caminhos - Isto para quem faz apanágio de andar "SEMPRE POR MAUS CAMINHOS" apresenta-se um pouco caricato, mas enfim, estão perdoados - e seguimos extenuados até aos Moinhos, e dali à procura da merenda, pois na igreja de uma aldeia próxima já batem as duas da tarde.
Mais tarde ficaremos a saber que ali bem pertinho, no Paço do Outeiro, em Agualonga, se reuniam as famílias em reconfortantes merendas após a recolecção do linho.
As nossas merendas resultam sempre numa troca de iguarias - presunto de Lamego, salpicão de Vinhais, leitão da Bairrada, empadas de Portalegre, pão de Martinlongo, vinhos alentejanos e durienses nos maduros, espumosos da Anadia e verdes de Ponte de Lima e ainda as filhoses da Beira Baixa e as broas de Mafra. Pois desta vez, rodeados de miliários, no local das Antas, em recinto bem romeiro desenhado à volta da Capela, suportada a fé em dois imponentes marcos romanos, estaríamos próximos do paraíso, não fosse o incessante matraquear da propaganda eleitoral prenunciado o inevitável mini comício.

























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