segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sensações na Pateira de Fermentelos


Um dia depois das últimas temperaturas extremas apeámo-nos ladeados por um manto verde, manchado de branco, que denunciava os 2 graus centígrados.
Iniciado o percurso logo nos deparámos com lamaçais semi-gelados que rugiam sob os nossos passos.
À nossa direita a lagoa apresenta-se majestosa e plena de vida - patos, galeirões, uma ou outra garça cinzenta e bandos de corvos-marinhos. Rompemos através do eucaliptal topando com algumas manchas de carvalheiras que escondem as paredes de arenitos onde outrora se extraíram os blocos de rocha avermelhada utilizados em muros e construções.
Rapidamente acedemos a uma imensa clareira onde pontuam espaços de lazer que convidam ás merendas estivais.
Esventrando a lagoa dois caminhos bem acondicionados levam-nos aos "coretos" de onde se avistam diversas espécies de aves, após demorado silêncio. Os galeirões são os mais atrevidos.
Retomamos o percurso e o caminho vai-se fechando até desembocar no rio Cértima, que alimenta a lagoa, nem sempre da melhor maneira.
Aqui tomamos contacto com "as pateiras", pequenos e frágeis barcos de fundo chato, que transportam os pescadores nas incursões pela lagoa.
De novo ao caminho, em terreno mais acidentado e com um declive apenas pronunciado, dirigimo-nos a Espinhel, nas margens do Rio Águeda.
As margens aluviais estão pejadas de hortas, onde a terra, agora em descanso, parece transpirar mágoas sensuais.
Um enorme bando de abibes assustados sobrevoa graciosamente as leiras. Uma fonte convida-nos a saciar a nossa ansiedade.
De volta a Óis da Ribeira passamos pela Igreja e desembocamos num largo onde os cães nos atiram ladridos assustados. Juntamo-nos nas margens do Águeda para mais uma cuidada explicação da simpática Bióloga que nos acompanha.
As cheias ainda estão na memória de todos. Mas sem elas o que seria de margens tão férteis e da lagoa?
Sempre na margem do rio já nos vamos arrastando até ao final do percurso.
Os canaviais escondem o grito assustado de um pato solitário e a lagoa abre-se aos nossos olhos, magnífica, exuberante, coroando a beleza infinita de um dia de inverno muito frio.
Ainda tivemos tempo para mais uma explicação sobre as espécies vegetais - os temíveis e "indestrutíveis" jacintos de água, que tentam invadir, agora felizmente em vão, as águas prenhes de vida desta Pateira de Fermentelos.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Texto pleno de imagens e emoções sobre local merecedor. Gostei!

segunda-feira, janeiro 19, 2009 8:29:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

O poeta caminheiro anda esquecido dos caminhos que percorre? Não creio, há-de ser a escassez de tempo.

sexta-feira, setembro 04, 2009 7:35:00 da tarde  

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