terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Marvão-10 e 11 de Novembro de 2007

Marvão e Castelo de Vide no tempo da castanha!
Desta vez vou contar-vos as aventuras e desventuras de 55 caminheiros por terras do Alto Alentejo.
Num local chamado Monte Sete, no Parque Natural da Serra de São Mamede, fomos largados para mais uma “cansativa” jornada.
Sempre a subir por caminho de pedras soltas enfeitadas com cores desde o creme ao vermelho - sinais de componentes ferrosos a atestar porque é que os romanos por aqui andaram, chegámos ao alto da Serra Fria a 964 metros de altitude.
Nesta serra fria e muita ventosa pratica-se parapente e as vistas são lindíssimas.
Entre xaras e rosmaninhos, com o olhar a perder-se entre a Serra de São Mamede e a Serra de Marvão avançamos até à povoação de Porto da Espada rodeada de vinhas e castanheiros.
Agora internamo-nos numa mata de “pinheiro bravo” invadida em alguns locais por mato muito denso que dificulta a progressão mas constitui a parte mais bela do percurso. Aqui e ali topam-se trilhos de javalis, os aromas são intensos, e os líquenes cobrem os troncos das árvores envolventes.
Chegados ao alto da Serra da Selada tomamos os caminhos traçados para impedir a progressão dos fogos e começamos a avistar, já bem definida, a fortaleza imponente que coroa a crista quartzitíca da Serra de Marvão.
Começando a descer o percurso torna-se mais pedregoso e falso o que provoca algumas quedas leves, atenuadas pela beleza envolvente – xaras, giestas, codessos e carqueja alcatifando os cabeços de formas arredondadas.
Após estas cristas montanhosas utilizadas sobretudo como pastagens por rebanhos de ovelhas e algumas cabras, surge um caminho delimitado por muros de pedra a anunciar a proximidade de terrenos agrícolas.
Os castanheiros bordeiam o caminho e as castanhas começam a ser pressionadas nos ouriços espalhados pelo chão pelos pés já algo pesados dos caminheiros.
Agora a paisagem muda e além dos castanheiros vamos ter a companhia das azinheiras e dos carvalhos.
Das quintas vizinhas os cães soltam os seus gritos angustiados em direcção aos passeantes, atenuados aqueles pela simpatia dos locais que nos interrogam sobre o nosso destino e motivos.
O objectivo é chegar a Marvão e o móbil que nos move é, além do usufruto da paisagem, a Festa da Castanha que decorre lá no alto.
Um grupo de caçadores, em dia de descanso, atarefa-se à volta da caldeirada de cabrito e convida-nos a retemperar forças – o que fazemos com muito gosto.
Visitamos os fornos das caleiras em ruínas e seguimos caminho nas proximidades dos Olhos d’ Água, local onde outrora a água brotava dos solos cársticos, e onde as famílias vinham refrescar-se nos dias de canícula.
Hoje está aqui instalado o Centro de Interpretação do Parque Natural da Serra de S. Mamede, em edifícios de uma antiga quinta, certamente construídos sobre ruínas romanas, pois do outro lado do rio temos a cidade romana de Ammaia.
A estrada alcatroada bordeia o rio Sever e leva-nos ao complexo de lazer da Portagem, onde assentamos arraiais para saborear queijos, enchidos, filhós e sericaias da região.
Visto aqui de baixo o Castelo de Marvão parece inacessível para tão cansadas pernas. Mas a promessa de chegarmos lá em vinte minutos anima cerca de 40 participantes a acelerar pela encosta acima.
Passamos a ponte medieval da Portagem e fazemo-nos à calçada medieval que outrora servia de acesso ao Castelo altaneiro às populações em fuga ante o ímpeto dos castelhanos, que nunca lá conseguiram entrar – Mui nobre e sempre leal vila de Marvão.
A calçada bordada pela mão de mestres calceteiros desconhecidos ainda mantém toda a sua beleza. Os carvalhos e os sobreiros acompanham-nos até ao Convento da nossa Senhora da Estrela onde sobre a portada da Igreja estão inscritas as seguintes palavras: – Fé, Esperança, e Caridade sustentam esta casa em pé. Curiosa, esta trilogia das nossas vidas…
Cá estamos nós, chegando em revoadas, ás portas de Ródão de tão famoso castelo.
È hora de diversão. Esperam-nos castanhas e vinho, música e tropelias, tasquinhas, doçaria, artesanato variado e muita, muita alegria por ter chegado aqui… andando.























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