quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Andando a pé e de canoa em Constância

15 de Setembro de 2007
Fomos visitar o Parque Ambiental de Santa Margarida. Espaço muito bem delineado com insfraestruturas excelentes para aprender e lazer. Acompanhados pelo Tiago, que nos proporcionou uma lição muita motivadora para a conservação do meio que nos rodeia, partimos para a Ribeira de Alcolôbre lá prás bandas do Tramagal.
Se todas as câmaras municipais deste país conservassem os seus melhores espaços ambientais para usufruto e educação das populações, certamente poderíamos espreitar o paraíso pelo menos aos fins-de-semana.
A ribeira corre entre arribas e alberga no seu seio muitas azenhas abandonadas,sendo coberta por densa vegetação que protege o encanto destas paragens.
Mas vamos ao passeio.
As ruínas do que outrora foi uma "villa" romana anuncia-nos que por aqui passaram povos desde tempos imemoriais, aproveitando as excelentes terras de aluvião que periodicamente eram alagadas pelas águas do Tejo. Após breve explicação ladeamos a estrada alcatroada e embrenhamo-nos num caminho de terra, ziguezagueante, e logo recebemos a companhia de um podengo alentejano mimoso e brincalhão. Após breve subida toca a reunir e ficamos a saber que em breve iriamos conhecer o território da lontra e do bufo real. A escadaria cavada na terra dura ladeada de estevas e sobreiros descobre-nos uma construção recuperada, outrora azenha e habitação de algum moleiro eremita, e despeja-nos na margem da ribeira tapeada por arbustos e incomodativas silvas. Mas as amoras silvestres aliviam-nos as mazelas e enchem-nos de paladares. A corrente impetuosa reveladora de um excelente caudal surpreende-nos e ajuda a entender o porquê das azenhas aqui implantadas. O odor imcomparável dos amieiros entra-nos pelas narinas e os raios solares que escapam por entre a folhagem espraiam-me nas águas da ribeira. Caminhamos numa extensa fila, pois aqui o trilho é muito estreito, e as silvas vão-se agarrando onde podem tentando barrar o caminho aos intrépidos usurpadores do sossego que habita estas paragens. De vez em quando olhando atentamente lá descobrimos os excrementos de alguma lontra tragadora de lagostins. Além destes alguns peixes povoam o fundo do rio, bordalos sobretudo. Agora há que passar o açude, muito bem conservado, e visitar a margem esquerda da ribeira. Acompanhando as margens decorrem os canais que outrora conduziam a água em queda vertiginosa sobre as pás que moviam o engenho. Saltitando de margem em margem embrenhamo-nos no espírito deste lugar ídilico tão próximo da civilização mas tão bem conservado e guardado. Desejamos, com quanta força que temos, que um dia não seja apenas memória. Após percorrer cerca de dois quilómetros de floresta ripicula , apesar de não termos visto a lontra, nem adivinhado o bufo real, saímos reconfortados de tão bela experiência.
Outros percursos nos esperam.
Após frugal refeição na Praia Fluvial de Constância, equipados a rigor, embarcamos em frágeis embarcações - 17 ao todo, em viagem pelo Tejo.
Os areais vão-se sucedendo, alternando com os amieiros. As embarcações dos pescadores ribeirinhos sucedem-se ancoradas em improvisadas estacas e um casal de garça real acompanha-nos fugazmente. Depois de calcorrear caminhos nada como saborear o deslizar das quilhas abrindo as serenas e escassas águas do Tejo - inesquecível. Paragem para o banho e para retempero das forças num extenso areal. De repente avistamos uns torreões à nossa frente que rapidamente se completam com a visão do castelo de Almourol. Visto do rio impõe certo respeito à pequenez das nossas vidas. Atracagem titubiante e eis-nos na margem para uma visita apressada a tão ilustre companheiro. Fazemo-nos de novo ao "mar" e o véu diáfono do entardecer começa a envolver-nos, despertando a nossa curiosidade para os imensos peixes que, literalmente, voam à nossa frente. Aqui e ali um pato esvoaça espavorido e uma gaivota grasna assustada por tanto movimento. O cais de Tancos espera-nos e finalizamos em beleza este pequeno passeio fluvial. Tancos surpreende-nos com as suas ruas calcetadas e os seus espaços verdes a convidar à preguiça, mas outra etapa estava guardada para terminar este dia de forma magistral.
No espaço em frente ao castelo de Almourol juntam-se quatrocentos curiosos para assistir à peça de teatro "Viriato" representada pelo Fatias de Cá. Quanto a este evento não temos palavras para descrever o encanto do espaço e o cirandar de cerca de 100 figurantes que durante duas horas nos encheram a alma, com o pôr-do-sol a beijar o rio, até que as trevas iluminadas por archotes romperam entre as escarpas do castelo - magnífico.






















































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