sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Chaveira e Chaveirinha em Cardigos 2012 Rota dos Lagares

Muitos. Talvez demais... O frio cortante açoitado pelo vento empurra-nos para o café de Chaveira. Oh surpresa! Pastéis de nata quentinhos ... Arrancamos,  acelerados, entre muros, e rapidamente deixamos o casario. As oliveiras rodeiam-nos, sob a presença avassaladora dos pinheiros no alto das colinas. Curva e contra-curva, e eis que o aroma da azeitona moída nos assalta as narinas. Primeiro lagar. Moderno, funcional. O azeite escorre incessantemente, proveniente da massa esmagada contra as paredes do cilindro. Entramos, saímos e continuamos, pois faltam uns quantos quilómetros até ao primeiro posto de abastecimento. Caminhos de terra, arribas, pinhais, um ou outro medronheiro florido e todo o encanto de um dia frio de inverno, após chuvadas intensas. Descemos já para a ribeira, aos tropeções, cansados uns, expectantes outros, após oito longos quilómetros de desvario. Já se avista o lagar tradicional da Ribeira da Isna.Uma casota de telha mourisca, rodeada de tulhas, onde já não se amontoa a azeitona. Das sacas que vão sendo entregues pela manhã, saiem negras, oleosas, muito brilhantes, milhares de pequenas pérolas ovais. Saltitam para o interior de um enorme recipiente em aço para logo serem trituradas num torno sem fim. A fornalha, alimentada sem parar por toros de lenha, chispeia faíscas laranja. Aqui se aquece a água que ajuda o precioso óleo a escorrer por entre as ceiras até aos depósitos de inox. As brasas incandescentes torram o pão em segundos. A bica de azeite vai alimentando a almentolia. De um lado pão tostado, do outro pingas de oiro. As fatias embebidas do precioso líquido saciam os presentes. Delicioso e grandioso momento, perante a postura embasbacada dos mais cépticos. Era assim, é assim, só mesmo de tal maneira se consegue apreender o valor e a importância da laboriosa produção deste bem essencial para os povos mediterrânicos. Antes, apenas estava presente na mesa dos grandes senhores. Para os mais pobres, de cujo suor saía este bem tão valioso, apenas a gordura animal - a banha, integrava a confecção dos alimentos. Depois deste lagar moderno embrenhamo-nos no pinhal e vamos descendo para a ribeira. O caudal é enorme e a água vai cantarolando pelas pedras que semeiam o leito. Algumas causas onde outrora existiu um moinho de duas mós. Subimos de novo e começamos a vislumbrar uma construção na beira do curso de água. Agora avistamos a ponte medieval dos três concelhos - ponte dos Três Concelhos situa-se junto à povoação de Sambale, na freguesia do Marmeleiro, concelho da Sertã, sobre a ribeira da Isna, fazendo fronteira com os concelhos de Vila de Rei e Mação. Esta ponte romana fazia parte de uma antiga via romana entre Mérida (Espanha) e Conímbriga.
Ponte dos Três Concelhos - foto da autoria de Paulo Bica
Descemos e paramos neste local histórico, para umas fotos. Ali perto situa-se o lagar dos três concelhos, cuja prença é movida pela força motriz da ribeira da Isna. Três mós de pedra rodopiam sobre o a azeitona, moendoa-a até a transformar numa massa uniforme, que mais tarde irá encher as ceiras para a extração do precioso líquido - O Azeite - Al zheit.
Daqui retiramos o azeite que iria regar o pão de trigo torrada que nos esperava sobre as mesas de pedra. Foi a primeira experiência gastronómica do dia...
Segimos viagem regressando pelo mesmo caminho. Ainda nos faltavam uns oito quilómetros para chegar à praia fluvial de Cardigos.Entre pinheiros e estevas, parando aqui e ali para observar a imensa variedade de cogumelos atingimos a povoação de Casais de S. Bento. Entre casas e hortas repletas de couvais voltamos ao pinhal. Lá ao longe já se avista Cardigos. Mas o nosso destino fica mais perto. Descemos até à ribeira, atravessamos, um pontão, e entre vunhas e oliveiras avistamos as excelentes infra-estruturas que em breve apoiaram os banhistas na ribeira de Cardigos. O mais surpreendente é o lanche que nos espera debaixo de um telheiro em mesas de madeira artesanais - pão, queijos, doces, mel e filhós. Daqui deslocamo-nos em autocarro até ao centro de geodesia de Portugal, na Melriça, pertinho de Vila do Rei para o pôr do sol que se avizinha. Depois seguiu-se mais um momento (altíssimo!) gastronómico no Cobra. E termina assim mais um dia de cansativa caminhada, Sempre por Maus Caminhos e muitos bons pitéus.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Serra dos Candeeiros Alcobertas

Percurso pedestre 17 km.Circular.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Carrazedo Montenegro


sábado, 3 de novembro de 2012

Estórias de uma viagem tipo, que ficará na história - 1

Malpica do Tejo - a caminho

 Procuram-se maduros que detestem estas coisas de caminhar e que estejam absolutamente indisponíveis para colaborar seja naquilo que for. De preferência muito, mas mesmo muito ocupados. Segundo um relatório da OCDE, os mais ocupados são os que raramente falham.

Descrição de evento tipo:- Aparecem entre as brumas de inverno, pelas seis e trinta da manhã, na rua chamada do arco do Cego - nada de cegos, mas sim um arco cego – estreito e de péssima entrada na cidade, para os saloios vindos dos lados de Mafra-, sonolentos, raramente bem dispostos, algumas vezes medianamente chatos. Vão entrando contrariados no autopullman de luxo. Antes trasfegaram as malas das viaturas para o porão com a ajuda do Sr. Motorista. Os condutores dos veículos que vão parando em fila, dirigem-se depois para o enorme edifício cinzento para aparcar as suas viaturas. Alguns ingerem a primeira bebida quente do dia no bar da esquina – O Côsco. Outros dispersam fumaças na noite. Todos, quase sempre, indolentes e só superficialmente interessados na viagem. O autocarro arranca. As conversas vão-se diluindo na manhã que desponta e a grande maioria completa o sono interrompido.
Algumas horas depois... a algazarra mistura-se com a urgência de uma ida aos sanitários. Paramos, não paramos? Hoje é direta. Deixamos Castelo Branco a um lado e embrenhamo-nos no parque natural do Alto Tejo. Atravessamos a  ponte sobre o Pônsul, e eis-nos, uns quilómetros mais adiante,  no seio de Malpica do Tejo – terra raiana, de contrabandistas e passadores, de guardas fiscais e pescadores de lampreia. Esperam-nos? Bem podem esperar. A urgência bexigueira faz disparar cada um em sua direção. Alguém, já de volta, desabafa: - Já não aguentava mais, estava mesmo a precisar de um café. Café? Pois!
O guia já desespera. Reunimos o rebanho e lá vamos pelas ruelas, onde ainda se vêm casas despidas de cal, mostrando a pedra de xisto de que são levantadas. Em direção ao Tejo vamos atravessando as gotículas de água que teimam em cair. Chegamos à ribeira, desbravando arbustos, saltando muros, e eis-nos, embevecidos a olhar para as covinhas. Foram trabalhadas à cerca de 5000 anos, ou menos. Nelas, a gordura dos javalis ou a das esbeltas azeitonas, serviria para alimentar a chama ténue que afasta os espíritos da noite. Eu, que não sou tão crente, imagino pastores entediados, esburacando o granito, e meditando com os cordões de pele de cabra velha sobre o sentido estético do lajeado no leito da ribeira. Ainda estamos longe do Tejo, mas por aqui abunda o embude que que esmagado habilmente com um calhau rolado e misturado com o barro produz uma mistura, que colocada no fundo dos rios, entre as lajes, asfixia os peixes e os traz à superfície.Logo, buraquinho de pescador, seriam esta covas. Mas deixo à fértil imaginação daqueles que conseguiram chegar até aqui o uso e desuso de tal quantidade de orifícios.
Seguimos até ao rio. Daqui se avista a barca que entretém turistas e transporta os modernos traficantes de bens, que ora escasseiam ora abundam a ambos lados daquela linha que separa, mas não divide.
Subindo, subindo sempre, voltamos ao povoado. Passamos na ermida plantada no meio da estrada encruzilhada, e rua adentro chegamos à tenda dos comes e bebes. A fome aperta e a confusão instala-se – é feira, é festa, é aldeia em reboliço. As sopas de peixe estão deliciosas e há que repetir, os grelhados nem por isso! O vinho escorre e inunda as gargantas e, embora ainda não se flutue no etéreo, para lá caminhamos. Todos felizes, todos contentes, alguns mais alegres, outros apenas e tão só mais faladores, deixam para trás aquele evento e começam a prepara-se para as curvas.
A estória segue dentro de momentos … pois este que vos escreve, não resiste a tanto balanço!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Oleiros - castanhas e ... medronhos

Malpica do Tejo - Azeitonas, azeites e muita água


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