domingo, 27 de junho de 2010

Etapa 14 - caminho Francês O Cebreiro - Triacastela

Hoje temos companhia. Duas portuguesas autênticas iniciam aqui o caminho connosco.
São muitos os peregrinos que aqui começam.
Por um lado evitam-se quilómetros e também as paisagens uniformes e duras de Castilla e León, por outro a Galiza oferece muito mais infraestruturas para percorrer o Caminho. E além de tudo o mais temos distância suficiente para conseguir a Compostela apenas para pedestrianistas. Os ciclistas devem começar uns 100 km mais atrás em Astorga.
Percorremos as ruelas, espreitando pela porta os diferentes Albergues e Pousadas. Por fim entramos numa casa de pedra, onde servem "desayunos". Mesas e bancos de madeira distribuem-se um pouco aleatoriamente. Escolhemos o nosso espaço e sentamo-nos. A camareira pede-nos para aguardarmos. Por fim lá vêm as tostas e os cafés - como já expliquei a esta hora ainda não chegou o padeiro. Aqui chega tarde e a más horas e sempre apita mais de três vezes, para irritação de quem caminha e medita.
A maioria dos peregrinos já partiu há muito deixando um rasto de suor e lágrimas para quem agora começa. Lembro que muitos vêm de San Jean de Pied de Port - apenas uns 700 quilómetros mais atrás.
Um grupo de franceses, na sua maioria mulheres, despede-se dos voluntários que gerem um excelente albergue à saída de O Cebreiro. Um grupo de cavaleiros apruma-se para o "take One" sob um nascer do sol deslumbrante.
Notamos que hoje a companhia aumentou. Um inglês jovem e simpático aborda-me e lá vamos em amena cavaqueira por um par de quilómetros. De onde vens, para onde vais, porque fazes o caminho, só ou acompanhado, casado ou solteiro. Mais ou menos o trabalhas ou estudas nas abordagens ao sexo feminino por alturas dos meus vinte anos.
Subimos por um bosque de pinheiros alpinos, que por aqui abundam. Subimos e continuaremos a subir - afinal o ponto mais alto no caminho ainda nos aguarda lá ao longe. Chegamos à estrada alcatroada que atravessamos cuidadosamente e tomamos um caminho paralelo. E assim continuaremos.
As paisagens são deslumbrantes a um e outro lado do nosso percurso. Montes ondulados e picos semi-escondidos pelas neblinas matinais.
Lá chegamos  ao Alto do Poio, a 1300 metros de altitude, após termos galgado um subida empinada.
Assentamos arraiais na esplanada de um bar. A proprietária lamenta-se junto de um galego da terra, contando que na noite anterior tinha sido assaltada. Olha-nos com desconfiança e cobra-nos mais do que o devido. Enfim, escolhos do caminho.
Nisto, chega um autocarro que despeja  umas dezenas de caminheiros na picada. Vai ser difícil circular, tão apinhado está o percurso.
Paramos para tomar umas fotos junto a um enorme monumento ao peregrino. E lá seguimos no meio da multidão.
Os carreiros delimitados por muros de pedra, decorrem debaixo de sombras acolhedoras proporcionadas por enormes castanheiros e esbeltos carvalhos. Os campos compõem-se de pastagens delimitadas por árvores ou muros. Verdes de diversos matizes estendem-se diante dos nossos olhos - erva crescida, erva cortada, erva secando, erva enrolada.
De repente ouvem-se gritos estridentes.
O caminho decorre entre paredes de terra encimadas por árvores de grande porte, e o desnível a que circulamos não nos permite observar os campos em volta.
Os gemidos ganham maior intensidade e ora se afastam ora se aproximam. Alguns param expectantes, outros armados de máquinas de retratar tentam apontar objectivas em direcção à fonte do ruído. Nada! Pessoas, pássaros, outros bichos! Nisto, repentinamente, na beira da ravina adivinham-se dois vultos. As objectivas disparam incessantemente. Observo atentamente e consigo perceber dois focinhos aguçados, malhados alternadamente de cinza e negro. São dois texugos desavindos e brincalhões que vendo o seu território invadido protestam com veemência. Lindo! Outros dirão assustador! Outros ainda pensarão em aparições. No fundo é apenas a Mística do Caminho, que, nos pode transpor para as múltiplas formas do  Caminho Místico.
Entramos em Triacastela. As casas dispõem-se ao longo da única rua que percorremos. Primeiro à nossa esquerda a Igreja, que visitamos. E depois os Albergues, as Pensões, os Bares, tudo e apenas para o peregrino.
Parece que este ano de 2010 esperam cerca de 300.000 em Santiago! Irão a pé, de burro, de cavalo, de bicicleta e também de patins. Até de barco, vindos da Old Albion, pelo chamado caminho Inglês.
Este caminho, o Francês, representa ainda cerca de 80% do total. Mas temos o caminho do Norte, o Caminho Português, a Ruta de la Plata. E depois temos ainda várias derivações ou novas invenções - Caminho de Madrid, Caminho Central Português, Caminho do Tejo ( via Fátima), Caminho Aragonês, Santiago-Finisterra com a sua extensão a Muxía e o mais o que está para vir. Eu prefiro a "Via Algarviana" menos mística e muito menos concorrida.
Ver Fotos: O CEBREIRO - TRIACASTELA 

sábado, 26 de junho de 2010

Caminho das Estrelas, Camino de las Estrellas, Star's Way - Recuerdos, memórias, memories



O CAMINHO

O Caminho é uma miragem 
Um objectivo sem fundamento 
Uma ténue imagem 
Sem nenhum conteúdo dentro 

O Caminho é uma negação 
Um caminhar sem sentido 
Atrás de uma ilusão 
De contorno indefinido 

O Caminho é um momento 
Na vida errónea da gente 
Um breve sentimento 
Extraído do fundo da mente 

O Caminho é uma curta viagem 
Um impulso, um andar p´ra frente 
Um sopro do vento, uma aragem 
Uma inércia intermitente 

Porque quem ama, quem sente 
Traz um caminho interior 
Mais profundo e sapiente 
Com muito mais valor 
Que todos os caminhos andados 
Seja por onde for 

Qualquer caminho que te imponhas 
Ao longo da tua vida 
Iludido e com muitas manhas 
Acabarás por ele vencido 
Chegando ao fim sem saber 
O que é um CAMINHO a valer! 

Santareias

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Recuerdos del Camino

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terça-feira, 22 de junho de 2010

Criar Raízes 26 Junho



Este projecto tem vindo a propor eventos muito interessantes.

Como tal merece aqui uma divulgação muito especial.

Apareçam
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Etapa 13 Caminho Francês Santiago - Villafranca del Bierzo - O Cebreiro

Villafranca del Bierzo.
Hoje vou caminhar sózinho.
Dirijo-me à Colegiata, que teve origem num Mosteiro da Ordem de Clunny, e após umas quantas fotografias retomo o caminho.
Atravesso a ponte sobre o rio Bierzo. Cruzo a estrada. Baralho-me com as setas amarelas a indicarem vários caminhos. Avisto ao longe alguns peregrinos que circulam pela estrada. E por fim, após consultar o meu guia, escolho o caminho alternativo.
O caminho empedrado decorre por trás de umas quantas casas de pedra e, na penúltima, aparece escrito em letras garrafais "Caminho muito duro, apenas para caminheiros experimentados" e " Hard Walk". Penso com os meus botões e percebo porque avistei uns quantos peregrinos ao longo da estrada.Duas esbeltas alemãs, exageradamente carregadas de bens materiais, acondicionados em dois enormes mochilões, interrogam-se e olham-me na expectantes. Com um leve encolher de ombros assinalo-lhes que vou seguir. Lentamente decidem-se e seguem-me.
O desnível é acentuado mas as sombras frescas dos castanheiros e carvalhos, e o aroma das urzes floridas ajudam-nos a trepar. Um grupo de franceses vai-se dispersando e tagarela alegremente. Passo por eles em passo acelerado e saúdo: Olá! Buen Camino. Um ou outro contesta.
A paisagem à minha esquerda vai revelando novos horizontes a cada metro da subida. Paro para renovar águas e respirar fundo. O suor corre por baixo do chapéu de abas largas, adornado com uma concha de Santiago, que me tem protegido da chuva. Aqui revela-se incómodo. As árvores frondosas dão agora lugar aos arbustos.
Começo a duvidar em continuar. Não se vê vivalma. O grupo que ultrapassei não dá sinal de vida. Não os vejo aparecer entre as ramagens, nem ouço as suas vozes.
Por fim alcanço a cota máxima do carreiro. Sinto que me afasto cada vez mais da estrada que percorre o fundo do vale e como não vislumbro ninguém começo a pensar que hoje será o meu dia de meditação.
Ao longo de meia hora caminho em silêncio rodeado de urzes repletas de flores avermelhadas, pensando em milhentas coisas da vida. Começo a perceber o encanto de caminhar sozinho. Mas também me assusta. Chego a um bosque de pinheiros e giestas, onde me deparo com um "humilhadeiro" improvisado, marcado por uma cruz rodeada de pedrinhas, flores, escritos, marcas. O lugar é assustador, mas de uma beleza extraordinária. Bonito lugar para partir para sempre, penso. Sento-me numa pedra e limito-me a observar, embora a carga emocional que o local transmite esteja cada vez mais presente.
Cento e oitenta graus de vistas deslumbrantes. Á minha esquerda o caminho que percorri ladeado de flores. Ao fundo um monte coberto de carvalhos e castanheiros. Mais além os picos dos Montes de León, nevados. Depois, quase na minha frente, e após um desnível pronunciado, o vale del bierzo matizado de verdes, com um fio de água a rasgá-lo. Mais perto, também no fundo do vale, as omnipresentes vias de comunicação, pintadas de alcatrão cinza.À minha direita uma ladeira impressionante, do outro lado do rio e da estrada, coberta de urzes e pastagens. Ligeiramente atrás estende-se o caminho que me espera.
Neste lugar percebe-se o grito estridente do silêncio.
As pernas saltam impulsionadas por molas invisíveis, alimentadas por arrepios provocados pelos medos interiores que se revelam quando a dimensão dos sítios se mostra para além da razão.
Recomeço o caminho a toda a força. É nestes momentos que gostaríamos de voar para o próximo destino. Mas temos que pisar todas as pedras do caminho. Só nos é permitido contornar por breves instantes os pequenos obstáculos. As grandes montanhas vamos ter que movê-las.
O chilrear das aves desperta-me. Um corvo em voo rasante protesta a intromissão e assusta-me. À minha frente estende-se um souto de castanheiros centenários. Medito sobre duendes, fadas e bruxas. Recordo as descrições dos "Akelarres" nas Grutas de Zugarramudi. Neste bosque qualquer coisa pode acontecer.
Caminho centenas de metros envolto na mais profunda das ilusões até que resolvo reverter em benefício próprio o encanto e a força deste lugar.
Recordo os ensinamentos do Mestre e aproveito para receber forças de um castanheiro ancestral.
Agora é o corpo que me pede alimento. Olho à minha volta e reparo nas imensas castanhas ressequidas espalhadas pelo chão. Excelentes. Castanhas piladas ao natural. Com uma boa dose de água constituem a refeição ideal.
Continuo a percorrer este bosque encantado sem adivinhar sequer mais companheiros de viagem. O caminho chega a um cruzamento, onde duas setinhas marotas indicam cada uma a sua direcção. Como em frente tenho tenho um muro de pedra calcária rapidamente desisto da ideia de escolher o percurso do meio, apesar de me encontrar completamente ébrio de sensações. Escolho o percurso à esquerda, que, suponho , me aproxima do vale onde transcorre a estrada. Mas as setas mentirosas continuam a aparecer à minha frente, como que a convidar-me para seguir em direcção a um aglomerado de telhados que vejo lá ao longe. Atravesso umas hortas onde abundam as couves - talvez para o caldo gallego, e esbarro no alcatrão doutro caminho. Paro, expectante, e após alguns minutos uma velhota aparecida não sei bem de onde, balbucia-me: Está usted perdido? Respondo-lhe que seguia aquelas setas mas o que queria mesmo era chegar a Trabadelo - próxima povoação. Afinal as setas indicam a localização de um bar ali perto.
Dirigi-mo para o caminho correcto seguindo as indicações preciosas da idosa. Entretanto avisto no meio do souto alguns cavaleiros e respectivas montadas que logro alcançar no início de uma descida pedregosa e abrupta.Os cavaleiros desmontam e rapidamente os ultrapasso perdendo-os de vista. Lá ao fundo passa um rio, uma estrada nacional e uma autovia. O carreiro serpenteia pela encosta para vencer o forte desnível, cruzando por diversas vezes a estrada alcatroada. Quando verifico que para chegar à povoação tenho que fazer um par de quilómetros para trás, decido continuar pelo alcatrão até à estrada principal.Contorno umas instalações industriais e após mais uma descida íngreme alcanço a estrada.
Começam a aparecer os caminheiros, os peregrinos, os turistas do caminho. Primeiro são dois Btt´s italianos, depois um barbudo valenciano, mais à frente um casalinho jovem de habla espanhola. Afinal eles andam por aí  e só pensam em chegar. Pergunto-me se por acaso saboreiam algo do CAMINO.
Atravesso uma pequena ponte situada por baixo de um viaduto da autovia, e começa o inferno. Deslocamos-nos ao longo da estrada, separados apenas um ou dois metros da via onde circulam imensos camiões TIR. A deslocação de ar atira-nos para o lado e o cheiro a querosene entra-nos pelas narinas. Vai ser assim por longos quilómetros.
Atinjo uma estação de serviço, esfomeado e cansado, farto de respirar ar impuro, mas desisto do repasto. Apenas compro umas supostas cerejas del Bierzo. Entro agora na Vega de Valcarce, já a cheirar a Galiza.
Por fim afastamo-nos da via principal. Paro em Ambasmestas desejoso de saborear algo fresco. Continuo.
Um pouco mais adiante os meus amigos esperam-me para almoçar no único sítio que serve refeições.
Os peregrinos começam a encostar nos albergues, pois já passa da uma da tarde. A mim ainda me esperam três horas de caminho.
Paro por fim para a almejada refeição. Alivio a carga e ingiro duas loiras de uma assentada. A estalajadeira não é lá muito simpática mas promete-nos um almoço suculento.
Ainda sentados na esplanada vemos aproximar-se uma peregrina exausta, que estaciona no banco em frente atirando, literalmente, o seu enorme mochilão para o chão. Ocorre-me uma ideia peregrina e corro a aviar-me de mais uma loira flamejante que de imediato ofereço à caminheira. Agradece em alemão e não me dirige mais a palavra. Nem a senti partir.
Após a lauta refeição composta de "lentejas" e filete de ternera, parto para mais três horas de caminhada.
Ainda pela estrada de alcatrão que vai subindo lentamente até Pedrafita do Cebreiro, acerco-me a Ferrarias. Como o nome indica também aqui haveria inúmeros moinhos de água que dariam força motriz  às forjas. Por fim deixo a estrada principal em direcção a Hospital.
Os frondosos choupos ensombram o caminho e a proximidade de um riacho refresca esta hora da tarde. Passada a aldeia o caminho empina-se desafiando as poucas forças que restam. Cruzo-me com um casal que peregrina sem grandes atavios mas, apesar disso, com alguma dificuldade. Volto a cruzar-me com a alemã exausta que caminha lentamente. Troco algumas palavras com ela. Irá descansar em Cebreiro - no fim terão sido cerca de trinta quilómetros na mais dura etapa até à data.
Retomo a minha passada e entranho-me num bosque de castanheiros e carvalhos, muito húmido e agradável. Por fim chego a Faba. Neste local desistem muitos dos que pensam subir até ao Cebreiro. Os albergues estão cheios. Paro num deles para um respiro.Volto ao caminho pedregoso e sombrio até A Lagoa de Castela.
Agora já não sinto nem as pernas, nem os pés. Talvez esteja voando em direcção a Cebreiro. Milagrosamente o percurso deixa de subir contornando agora o fim do vale. Avistam-se picos a perder de vista. Dum lado os Ancares. Do outro, Las Medulas.Mais um par de quilómetros e assomo ao Cebreiro.
Subo ao mirador e admiro extasiado o Sol a expraiar-se pelos Picos dos Ancares. Entro pelo pátio da Igreja Românica, passo ao lado do antigo Hospital de Peregrinos e percorro alguns metros pelo bulício das ruas. Sucedem-se bares, Albergues, pensões. Algumas casas de pedra apresentam-se cobertas por telhados de colmo - uma beleza. O menos bom deste local é a paisagem humana. Além dos milhentos peregrinos que por aqui pernoitam temos ainda os excursionistas que visitam este local aos magotes. E claro, os locais aproveitam-se fazendo pagar bem as maravilhas deste sítio.
Um amigo espera-me e aproveito para esgotar o saco de cerejas, acompanhando-as com duas cañas. Não é a melhor combinação mas o efeito resulta estupendamente. Vários curiosos aproximam-se e perguntam o que enche a garrafinha de água, mas nenhum se atreve a provar o distinto fruto, apesar da minha insistência. Nunca viram tal coisa. Estes serão certamente os verdadeiros peregrinos. Aqueles que de descoberta em descoberta, de surpresa em surpresa, vão construindo o seu Caminho.
Apetecia ficar por aqui. Mas o incrível Hotel Rural em Ferrarias de Valcarce espera-nos. Aí chegados e após o banho merecido assistimos ao pôr-do-sol sentados placidamente no bordo de um terraço debruçado sobre uma ribeira que atravessa o prado intensamente verde. Um pescador de trutas deambula pelas margens. Para lá dos choupos adivinha-se o apascentar pachorrento dos animais. Mais acima dois cumes recortam o céu azul. As encostas apresentam-se atapetadas por laivos vermelho escuro. Do outro lado o bosque que encima a Faba. Belíssimo.
O jantar, servido numa sala envidraçada, compõe-se de saladas e trutas grelhadas. Divino.
Há que voltar aqui brevemente e em força.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Teatro Romano de Lisboa / ECD - 30 de Maio de 2010

Teatro Romano de Lisboa / ECD - 30 de Maio de 2010
Inicialmente a proposta era ir até ao Museu da Cidade, lá para as bandas do Campo Grande, mas o espaço já estava ocupado com outros eventos.
Aceitando a sugestão da Dr.ª Clara Ferreira da CML, que também nos iria receber no local, mudámos de rumo e dirigimo-nos desde a Sede da CGD até ao Teatro Romano de Lisboa . Seguimos pela Rua do Arco do Cego, Estefânia, Gomes Freire, Campo dos Mártires da Pátria, Martim Moniz, Rua da Madalena, Largo do Caldas (nacionalizado pelo CDS-PP e apelidado agora de Largo Adelino Amaro da Costa) e Rua de S. Mamede onde se encontra o Teatro Romano de Lisboa.
O Tejo, a Igreja de Santa Maria Maior ( a Sé ) ali mesmo ao lado e toda esta luz de Lisboa torna arrebatadoras estas primeiras impressões a quem aqui chega.
Apesar de sermos 50, e não ser fácil falar para tanta gente, as explicações foram merecida e atentamente escutadas por todos numa voz digna de um palco como este! Deveras enriquecedor e um exemplo a seguir por tantos monumentos nacionais que por esse Portugal fora, ao fim-de-semana, não têm ninguém que possa prestar um serviço destes.
No fim ainda tempo para deambular pelo Castelo, Cerca Moura, Sé e Baixa antes de alguns voltarem à Joao XXI para o almoço convívio do ECD.
Rua do Arco do Cego
Campo dos Mártires da Pátria-Jardim Braancamp Freire
Estátua do Dr. Sousa Martins
O grupo no Martim Moniz
Largo do Caldas
Lisboa, o Tejo e tudo!
Teatro Romano de Lisboa

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Camin de santiag Etapa 12 - Ponferrada - Villanfranca del Bierzo A paisagem em mudança

Para sair de Ponferrada temos que contornar a cidade numa imensa volta que nos leva ao antigo bairro operário de Compostilla. O calor abrasa e este circuito urbano não agrada. Sempre por estrada e entrando em povoações e cruzando estradas chegamos a Columbrianos. Impressionam-nos as inúmeras hortas pejadas de árvores de fruta. As cerejas já ganham côr. Estamos num vale - El Bierzo, onde o microclima espalha alegria e côr pelos campos. Ao fundo os picos nevados ameaçam este paraíso. Circulando por passeios ou arruamentos de novas urbanizações alcançamos Camponaraya. Como é muito cedo o caminho faz-se suportável. Vemos alguns peregrinos pelo caminho, poucos. Um cidadão local acompanha-nos por mais de meia hora e conta-nos a sua admiração por Portugal, para onde viaja com frequência. Ao que parece não é só a paisagem natural que está a mudar, também o aspecto humano se revela, aqui, de uma salutar simpatia e acolhimento. A dureza da terra torna os homens rudes. Talvez o clima ameno e a terra fértil os torne dóceis. Ficamos a saber que o progresso que se vislumbra por Ponferrada se deveu ao fecho das minas. As ferrarias situam-se nas aldeias ao redor e, com o fim da actividade, a população concentrou-se no grande centro urbano trazendo novo dinamismo. Bom ou mau, positivo ou negativo? Não chegamos a consenso. Para mim o "progresso" aniquila a autenticidade dos sítios e transforma tudo numa uniformidade assustadora. Voltaremos alguma vez ás aldeias, renascerão as tradições? Ou viajaremos à velocidade da banda larga para a unicidade até à implosão final?
Talvez a crise nos retorne!
Antes de nos embrenharmos nos caminhos e já com duas horas e picos de andadura paramos para refrescar o corpo. Num bar localizado numa praça decorada com uma estatueta sobre um lago onde esguicham vários repuchos, uma simpática conterrânea de Chaves serve-nos quatro tapas e duas cervejas. - Estou aqui porque em Portugal não há trabalho. Diz-nos. Em Espanha ao que parece também não. 
Partimos. Junto ás "bodegas" um letreiro convida o peregrino para uma tapa e um vinho a 1 euro. Pena ser Domingo e estarem encerradas.
Cruzamos a autovia por uma ponte. Começamos a avistar peregrinos. Entramos em campos cobertos de vinhedos que apresentam cêpas enormes, talvez centenárias. O dia promete. Rodeados de vinhas chegamos a um improvisado humilhadeiro - pelo Caminho encontram-se muitos. Uma águia persegue uma cegonha, estranho. Vimos corvos a perseguir e a lutar com águias, mas uma cegonha acossada por uma águia? Será um sinal? Os choupos ladeiam um curso de água e a sombra agradece-se. Caminheiros de fim de semana exercitam as pernas. Aqui todos são simpáticos. Cheira a Galiza por todos os lados. As vinhas sucedem-se. Começam a ver-se lindas vivendas e algumas adegas. Temos Cacabelos à vista. Ao longe soam foguetes. Chegamos à praça de São Lázaro onde esteve a malateria. Hoje está aqui instalado um complexo do Prada a Tope. Hotel, restaurante, bar. O conjunto é harmonioso com as suas casas de pedra e os balcões de madeira. Merece uma paragem e uma visita atenta. Na loja encontram-se todos os produtos de El Bierzo - enchidos, conservas, licores e claro, vinhos. Sentamo-nos a uma mesa de madeira e observamos. Vemos circular uma bandeja de vinho e "empanadas" e logo a inveja nos rói. Lá teremos que tomar um copo apesar de estarmos na hora de almoço e termos planeado o repasto para o centro do lugar. A simpática camareira pede-me para esperar. Pouco depois traz-me uma bandeja com dois troços da famosa empada e dois copos de vinho. è oferta da casa para os peregrinos. Lá apomos mais um "sello" na credencial.
No caminho para que a credencial seja credível há que ir coleccionado carimbos ao longo das etapas. Pelo menos dois por dia.
Infiltramo-nos na aldeia pela rua principal, onde ainda se podem observar dezenas de casas típicas com as suas "balconadas" de madeira. A rua vai estreitando. Espreitamos um ou outro albergue. Mas o que procuramos é um local para comer. Talvez por estarmos perto da Galiza as "Pulperias" sucedem-se. Mas procuramos algo mais substancial. Atenção porque hoje é Domingo e os menus para os peregrinos esfumaram-se. Os restaurantes estão cheios de autóctones e os donos não têm "paciência" para nos aturar. Somos delicadamente enxotados do local que procuravamos - Meson o Apostol. Raio de nome... Acabamos por entrar na Pulperia Compostela. Foi por pouco. Começam a chegar multidões que invadem a sala de forma ruidosa - estamos em España, claro. Lá saboreamos o Pulpo e o Ribeiro o melhor que podemos e de novo ao caminho.
Saímos da povoação por uma ponte que transpôe o rio Cúa. Nas margens, peregrinos e domingueiros estendem-se na relva ao sol. O caminho ladeia a estrada e o sol e o polvo tornam as pernas duplamente pesadas - sem falarmos no Ribeiro.
Um speedy gonzaléz dos caminhos, com muitos sessenta anos ultrapassa-nos pela estrada e pragueja qualquer coisa. Se não levasse dois bastões, um em cada mão, certamente ... não circularia tão depressa. Ou teria tomado Red-bull com ... Vodka.
O homem distrai a nossa atenção e quase o seguimos estrada fora. A maioria dos peregrinos a pé e a prática totalidade dos ciclistas circulam alegremente pela berna das estradas - o que interessa é chegar.
 Não é verdade. O que é importante é ir, estar, parar, seguir. O caminho é feito de desvios, de fintas, de recuos, de lateralizações. O caminho de cada um é aquele que em cada momento se pisa. E por muitos sinais que te convidam a ir por aí, muitas vezes deves gritar bem alto - Só sei que não vou por aí.
Nãonão vou por Só vou por onde, Me levam meus próprios passos. ... Não sei por onde vouNão sei para onde vouSei que não vou por !  - José Régio.

Muitas vezes alguém pinta setinhas amarelas para te levar ao seu Albergue, ao seu Bar. A nossa opção, e aquela que aconselho, é fugir sempre do alcatrão. Sendo assim tomamos um caminho de terra à nossa direita, por entre vinhedos, que nos afasta cada vez mais de Villafranca del Bierzo. As sombras, embora escassas, vão aparecendo aqui e ali projectadas por doces amendoeiras. Uma peregrina sentada no vinhedo, ao sol, olhava o horizonte e meditava sobre um pequeno livro. Quase nos ignora. E lá seguimos.
Estamos na variante de Valtuille. Aparecem as primeiras casas entre cerejeiras. O primeiro bar improvisado na garagem de uma vivenda onde uma casal de meia idade fazia de estalajadeiro. Mais uma vivenda com garagem e bar improvisado. Chapéus de sol vermelhos, da coca-cola, cadeiras e mesas de plástico e duas matronas imensas, sentadas, à espera do próximo peregrino. Não paramos. Atravessamos a aldeia de casas de pedra, algumas arruinadas, de telhados de xisto, algumas caídos. As lojas no rés-do-chão albergam as vacas e os fenos e as alfaias. No primeiro andar uma velha assoma. 
A sombra dos choupos abriga-nos, as hortas distraiem-nos do cansaço, as vinhas convidam-nos a ficar.
Já para além da última casa, do nosso lado direito, surge-nos mais um bar improvisado instalado em barraca de lata e com meia dúzia de mesas de cores e formas diversas. Um homem corpulento, dobrado sobre uma mesa, dormita. Um letreiro anuncia cafés e chás quentes, cervejas e sumos frios e "tapas". Procuramos não o despertar, e, em silêncio, entramos num bosque de choupos, que ladeia um pequeno percurso de água. Nisto um corvo grasna e o meu companheiro de viagem grita imitando-o. Nisto houve-se uma voz estrondosa: - Oh! Hei! Aqui café, bebidas, tapas. Vocifera mais palavras indecifráveis, esbraceja quando voltamos a vista atrás. Desfazemo-nos em gargalhadas mal disfarçadas. Imaginem o pobre taberneiro amador que adormeceu no momento em que dois potenciais fregueses passam à sua beira. Porra! todo o dia à espera de clientes e agora que eles passam, já eram. 
Seguimos pelos vinhedos. Aqui e ali placas estrategicamente colocadas informam sobre as adegas, as castas, os vinhos. Excelente ideia.
Uma paisagem desperta-me a curiosidade. Bem sei que o cansaço é grande - o calor, a distância, as longas horas de caminhada. Uma colina rodeada de vinhas, uma casa pintada de branco no cimo ladeada por dois pinheiros centenários, uma ribeira bordeando todo o conjunto e ao fundo os cumes das montanhas cobertos de neve. Vem-me à memória algo que já sonhei ou já imaginei muitas vezes, há longos anos atrás, quando tinha dificuldade em adormecer. Incrível. Só faltam os cavalos trotando ao longo do riacho e aquela roseira de botões vermelhos prestes a abrir. Podia ficar por aqui para sempre. Podia ser este o meu caminho. Na verdade podia encontrar aqui aquela paz que os sobressaltos do quotidiano e a inconstância dos outros não nos permitem. Será então aqui esse local tão especial que guardo na lapela do esquecimento? Voltarei. Não gosto de viver com fantasmas, nem com sombras. O caminho acontece ... Não se faz, não se percorre, simplesmente acontece.
As primeiras casas já se avistam: um albergue, outro albergue. Uma igreja românica. Uma peregrina oriental, japonesa ou sul-coreana, fotografa a jóia.
Ruelas após e confusão no caminho chegamos à bela praça central de Villafranca del Bierzo. As esplanadas reboçam de peregrinos acompanhados, sempre, de belas loiras - as cervejas. Não sei se já o disse, os alemães representam 80 por cento dos peregrinos com que me vou cruzando.Depois mais uma praça, o jardim, a igreja matriz por onde passa o caminho, mais uns passos pelas ruas mais desertas e de volta a Ponferrada em autocarro. 
Nos grandes eixos viários são fáceis as deslocações em autocarro para aqueles que preferem pernoitar nos grandes centros e fora do bulício dos albergues.

Completamente escarallado - Camino Santiago Etapa 11 - Rabanal del Camino - Ponferrada 33 Km

O dia ameaçava aquecer quando nos despejaram em Rabanal del Camino. Muitos peregrinos que dormitaram aqui pelos albergues ainda não tinham partido. Começamos a subir para a etapa que se presume mais emblemática do caminho, já que supõe chegar à Cruz de Ferro. Por caminhos de terra, atravessando aqui e ali a estrada, lá fomos com os picos dos Montes de León nevados, sob um céu limpo e muito azul. As vacas apascentam por todo o lado e é difícil evitar as bostas, mas o verde intenso que ladeia o trilho compensa. Paramos em Focebadón num albegue um pouco desorganizado onde encontramos o alemão loiro vestido de negro - figura enigmática, que vimos encontrando ao longo do nosso percurso. Também as simpáticas brasileiras por aqui pernoitaram.Hoje o dia não está para muitas conversas. Seguimos a ascensão que se mostra fácil. Vamos subindo suavemente por entre estevas e carvalheiras chapinhando nio que resta das últimas chuvadas. os ciclistas optam pela estrada alcatroada. Por fim, após uma curva mais fechada avistamos a Cruz de Ferro. Assustador. Multidões fazem-se fotografar, um grupo acampa para a merenda. Aproximamo-nos e acrescentamos mais umas pedrinhas ao amontoado de calhaus. O aspecto deste local é tétrico. Penduricalhos de todo o tipo - peúgos, fitas, gorros, botas, papeletas, roupa diversa - ondeaim por todo o lado. Parece que quem aqui chegou já cumpriu. O quê? Não vislumbramos. Afastamos-nos a todo o correr deste local e em breve começamos a descer por um caminho ao lado da estrada, muito bem acondicionado. Os trabalhos de recuperação são aqui muito visíveis e iludem-nos. O pior está para chegar. O calor, a etapa longa, e os raros locais para abastecimento tornam esta etapa a mais dolorosa.Os pés já estão curados, mas os joelhos não vão aguentar tanto declive. Após a cruz de ferro deparamos-nos com mais um casebre bandeirado a servir de Albergue. A água vem de carrinho sabe-se lá de onde. Os alemães estacionam por aqui. Do lado oposto da estrada as latrinas improvisadas revelam mais sobre este paraíso. A única explicação que encontramos é a distância a que fica o próximo apoio - a cerca de 1 hora. O calor aperta. caminhamos pela orla da estrada e algumas vezes pelo alcatrão.Os montes de Leão trazem-nos imagens de frescura. Não vemos aldeia e os caminheiros são escassos. Repentinamente aparecem uns telhados de xisto. Primeiro o cemitério e depois uma ruela ladeada de casas asseadas e arranjadas. As obras concluem-se aqui e ali. será por ser ano Santo ou porque esperam muitos visitantes? Não fosse o esgoto entupido escorrendo para o meio da rua, estaríamos no sítio perfeito para pernoitar. São para aí 14h00 e os Albergues, vários, estão a abarrotar. A aldeia com todas as suas casas de pedra cobertas de telhas de Xisto é realmente encantadora. Acebo assim se chama o local. Continuamos pois não temos tempo a perder. Ainda faltam cerca de 4 horas até ao destino - Ponferrada.
Saímos pela estrada alcatroada, mas, uma centena de metros entramos num caminho em muito mau estado. Pedras pontiagudas, lajes escorregadias, lama, árvores caídas. De tudo um pouco. Um grupo a cavalo é obrigado a voltar para trás. Aqui nem os cavalos passam. Os ciclistas carregam as Bikes ás costas e lá vão progredindo. Este caminho é uma verdadeira penitência. Ziguezagueamos pela encosta e tentamos adivinhar a próxima povoação. Riego de ambrós não tem nada para conta. A última hora até Molinaseca seca vai ser infernal - pedras soltas, caminho de cabras, calor intenso. Tropeçamos uma e outra vez pois os joelhos já se não dobram e levantar os pés torna-se cada vez mais pesaroso. O silêncio é aqui natural. O desejo de chegar a bom porto emudece os nossos passos. Por fim avistamos a estrada, os cavalos, o rio, a ponte. Atravessamos a ponte e entramos em mais uma povoação encantadora - Molinaseca. Será pelo cansaço?

Vinhamos de bico afiado para abancamos na casa Ramón - fechada. Lá nos encaminham para outro bar. Almoçamos muito bem. Estranhamos que os outros comensais se afastem da nossa mesa. Devemos tresandar a bosta de vaca, misturada com suor quente e húmido. Após o café da praxe erguemo-nos e, apesar do calor e do alcatrão a exalar ondas de calor pomo-nos ao caminho.Ainda nos esperam duas horas de sacrifício. Já próximo de Ponferrada cruzamo-nos com desportistas de fim de tarde. Estar-se-ão a preparar para o Caminho? Entramos em Ponferrada. Os sinais são confusos e cruzamos várias vezes a via. por fim chegamos ao castelo dos Templários. Ponferrada tem muitos encantos. Monumentos, praças e ruas limpas. As esplanadas convidam a uma bebida fresca. O rio ameniza o conjunto. Trata-ta-se do famoso rio SIL. O Hotel Arói Ponferrada acolhe-nos. Após um merecido e curto descanso a cidade espera-nos. O caminho faz-se caminhando, e também se faz parando... E visitando, e convivendo. O caminho em si não seria nada sem as suas circunstâncias. Assim se mantenha por muitos séculos.
Cheguei completamente escarallado - diz-se do caminho após chuvadas intensas. Assim me sinto eu.

Cabo da Roca / ECD - 29 de Maio de 2010


Cabo da Roca / ECD - 29 de Maio de 2010
O Sábado acordou cinzento mas nada que chegasse para contrariar a "passeata" até ao Cabo da Roca. Mesmo assim houve quem se tivesse assustado com a chuva que caiu antes de chegarem ao local onde a terra acaba e o mar começa, como se tivessem esquecido do pacto deste grupo com S.Pedro!
A volta prometia algumas dificuldades conforme previsto na Revista Itenerante de onde tirámos os mapas e as informações sobre o percurso. Todos armados de mapas e descritivo do percurso e ainda um GPS com o trilho marcado e... lá vão eles!
A  chuva já lá vai e a paisagem é espectacular mas requer atenção face ao constante desnível do terreno, nalguns pontos abrupto, obrigando quase a manobras de escalada! Atenção especial a quem possa sofrer de medos das alturas...
Acrescem ainda dificuldades criadas pelo crescimento da vegetação que corta os caminhos... e as pernas! Não era ao acaso a classificação do percurso na revista... 8 em 10!
Mas lá continuam vencendo as contrariedades!
Paragem em Almoçageme para refrescar as gargantas e tudo se esquece!
De regresso ao ponto de mais ocidental do continente Europeu foi tempo de alimentar o corpo antes da saída para Cascais onde fomos simpáticamente recebidos enquadrando a visita ao Farol-Museu de Santa Marta.
Regressados ao fim da tarde à CGD foram recebidos, com direito a bombons (talvez assim perdoassem mais facilmente a dureza do percurso do dia), na banquinha do Montanhismo onde se puderam rever fotos projectadas das nossas muitas caminhadas, receber informação e souvenir´s.
Amanhã, Domingo, há mais!
Cabo da Roca
Almoçageme
Farol-Museu de Santa Marta
A banca do Montanhismo na CGD

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