quarta-feira, 23 de setembro de 2009

20 de Setembro - Alpedrinha

20 de Setembro - Alpedrinha
...
"O viajante teve de retirar-se
foi apenas ver as ruínas do PALÁCIO,
os fogaréus e urnas da entrada,
as janelas entaipadas UMAS,
OUTRAS abertas para o céu COR de leite.
Veio DESCENDO até à estrada e,
quando lá chegou, olhou para SÀRT.
EsTraNha terra esta. A estrada passa-lhe
ao pé, c o r t a - a pelo ME  IO,
e contudo é como se passasse (entre)
2dois muros que nada deixassem ver.
Não faltam povoações [escondidas],
mas esta ALPEDRINHA é secreta."
José Saramago

 A subir para Alcongosta

Sob a A23


Vale do Fundão desde Alcongosta

 Alcongosta


 A caminho... já com o rebanho.





 As jóias em dia de festa!


 Cão e pastor.

Cachaço protegido... a loba.
 
Caminho romano para Alpedrinha.


Palácio do Picadeiro.





Festival dos Chocalhos, Alpedrinha.



Feira Raiana, Idanha-a-Nova.



terça-feira, 22 de setembro de 2009

Alpedrinha-19 e 20 de Setembro de 2009

Porque para mil imagens também podem existir umas tantas palavras aqui ficam 3 crónicas deste 19/09.

Crónica 1
19 de Setembro - Martim Branco
O dia apresentou-se fresco mas a chuva não apareceu conforme anunciado. E isso foi mau, muito mau.
Chegámos a Martim Branco cerca das 10h00 e tínhamos à nossa espera o Sr. Sebastião, nascido na terra e curtido em Lisboa, que entre muitas outras estórias, nos contou como era a vida na aldeia nos longínquos anos sessenta.
Ao longo da ribeira de Almaceda estendem-se pequenas várzeas onde outrora se cultivava tudo o necessário para o sustento de cada casa. As oliveiras centenárias povoam estas leiras em terrenos mais pobres e os marmeleiros delimitam-nas. Um ou outro moinho de água completam o panorama das actividades do pequeno burgo. A pastorícia também era importante, ma hoje resume-se a poucas cabeças de caprinos.
Visitámos a sede da associação de melhoramentos instalada numa casa agrícola abastada com todas as suas dependências recuperadas no âmbito do projecto Aldeias do Xisto. http://www.aldeiasdoxisto.pt/
Após atravessarmos a aldeia cruzamos uma pequena ponte que nos conduz pela várzea. Este ano as hortas não estão tão viçosas, pois a ribeira apresenta-se seca em quase todo o seu curso.
Aqui e ali alguns aglomerados de casas em ruínas atestam o passado agrícola e moleiro destas paragens. Tomamos a levada velha até ao açude da Volta. Um pouco antes, numa curva da ribeira, uma velha azenha ainda ostenta a grande roda de ferro e madeira.
Retomando o caminho numa cota um pouco acima do leito da ribeira entranhamo-nos na levada nova, agora transformada em carreiro, que entre eucaliptos e pinheiros, urzes e codessos, nos leva até ao açude da levada nova. Por entre amieiros, salgueiros e freixos, transcorre o leito da ribeira. Apenas um ou outro charco comprova a existência de um curso de água. Qual não é o nosso espanto quando nos acercamos a estes pequenos lençóis de água e vislumbramos dezenas de pequenos peixes fervilhando em todas as direcções. Oxalá a chuva não tarde!
Depois da levada nova, um caminho de terra acerca-nos por entre olivais bastante cuidados ao Porto da Vila, pequeno conjunto de casas agrícolas junto à aldeia de Rochas de Baixo. O lugar de "Cunhais" (possivelmente conhais - as escombreiras das minas de ouro romanas), mostra-nos mais casas de xisto em ruínas, e desde aí começamos a ver a torre da igreja de Almaceda.
Para retemperar forças colhemos algumas amoras silvestres. As hortas mostram-se aqui mais cuidadas alimentadas por um pequeno fio de água que corre pela ribeira.
O espaço de lazer instalado à volta da piscina fluvial encanta-nos, e, é aqui, à sombra de um magnífico telheiro, que debicamos as merendas de cada um e descansamos de mais 10 km de passeio - PR2 CTB - Caminho do xisto de Martim Branco.
 
Crónica 2

19 de Setembro - Barroca
Depois de muitas curvas e paisagens arrasadas pelos incêndios, onde já despontam medronheiros e pinheiros, atravessamos Orvalho ao encontro do Zêzere. Apenas adivinhamos o rio por entre as ravinas que ladeiam a estrada e se prolongam, montes fora. Ao longe a Serra da Lousã, a Serra do Açor, a Serra da Estrela e mais tarde a Serra da Gardunha. A Senhora da Rocha anuncia o extenso povoado da Barroca também ele integrado na Rede das Aldeias do Xisto. À nossa espera está o edil local que por entre o casario nos acompanha até ao Centro Dinamizador das Aldeias do Xisto. Num espaço lindamente recuperado - a antiga Casa Grande, agrupam-se uma loja de artesanato, um centro interpretativo das Pinturas Rupestres e um edifício polivalente com uma sala de exposições, um anfiteatro e diversas salas dedicadas a actividades para os mais jovens.
Descemos para um passeio rápido até ao rio Zêzere, com intenção de visitar as gravuras rupestres descobertas nas rochas que ladeiam as margens.
Circulando por um conjunto de passadiços acondicionados para facilitar o acesso ao local, sempre ao longo do rio, acedemos ás referidas gravuras. Após uma curta sessão fotográfica e devido ao adiantado da hora deixámos o resto do percurso pedestre para uma próxima visita. Caminhos do Xisto da Barroca PR-1 - 9 Km.
 
Crónica 3
19 de Setembro - Martim Branco, Almaceda, Barroca e Alpedrinha
E lá foram na esperança da chocalhada! Eram uns 40 e começaram por ser simpaticamente recebidos em Martim Branco pelo Sr Sebastião Antunes que foi explicando que a localidade foi aos poucos emergindo do anonimato fruto da recuperação do património que tem vindo a sofrer. A Casa das Artes e Ofícios é apenas um dos exemplos das casas de xisto recuperadas.
O percurso pedestre até Almaceda (PR2) encontra-se bem marcado e os 10 Km até ao destino fazem-se praticamente sempre à mesma cota e à beira da Ribeira de Almaceda. Bonito e a repetir em tempo que haja mais água.
Chegados, pudemos usufruir do espaço junto à praia fluvial para o piquenique.
Depois disso chegou o tempo de antena da Srª da Agonia naqueles kilómetros de curvas até Barroca... vá lá que S. Gregório não fez parte desta festa!
Barroca foi outra agradável surpresa!
A Casa Grande, antigo solar do Séc. XVIII onde hoje funciona o Centro Dinamizador das Aldeias do Xisto e um Centro de Interpretação de Arte Pré Histórica, acolhe-nos e lança-nos à descoberta. A paisagem circundante é enquadrada pelo pinhal e pelas pirâmides das escombreiras da Lavaria do Cabeço do Pião, que já pertenceram às Minas da Panasqueira. Actualmente está no ar um projecto para um Parque Temático Mineiro. Vamos esperar para ver. No caminho que nos leva até ao Zêzere descobre-se o espelho de água na paisagem que impõe um momento de pausa. Pausa para observarmos tão grande paisagem que tristemente esconde problemas na qualidade da água revelada pelos peixes mortos que boiavam no rio. Suspeitas? Sim, existem mas por confirmar. Para já vai de se atravessar uma última vez a ponte pedonal para a outra margem já que vai ser demolida para dar lugar a uma mais resistente às águas de Inverno. Do lado de lá podem descobrir-se as gravuras rupestres que antepassados ali deixaram gravadas na rocha há milhares de anos com acesso facilitado por passadeira metálica no último troço até às figuras. Tinha sido um dia bem grande mas depois de alojados a noite de Alpedrinha revelou-se uma concorrente de peso no Festival dos Chocalhos! Grande noite!
Martim Branco

Casa das Artes e Ofícios



PR2




Almaceda-Praia Fluvial


Linda recria Música no Coração!

Barroca-Casa Grande


Açude, futura praia fluvial de Barroca



Local das figuras rupestres





Alpedrinha-Festival dos Chocalhos


Palco principal


Palácio do Picadeiro



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